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A Copa do Mundo vem aí


Quando o ano é Copa do Mundo tudo vira motivo! Ah, você sabe do que tô falando!
Bora contextualizar.
Em julho de 2018 o canal off vai começar a contar uma história que a América do Sul não será mais a mesma! Uma expedição aérea entre os oceanos Atlântico & Pacífico (Brasil, Argentina e Chile) num balão de ar quente.
Sou apaixonadaço com aço por futebol. Gosto tanto que tenho até 2 times no coração. O Palmeiras e o XV de Piracicaba. Tenho no coração o Palmeiras e o XV de Piracicaba entrou sem pedir licença; é mais ou menos isso.
Hora de juntar os parágrafos acima. Quase 70 dias pra cruzar a América do Sul por baixo e por cima. Nem lembro exatamente qual era o dia. Mas, já sabia que estávamos há semanas na estrada. Já tava só o caramelo. A equipe, além de mim: comandante Feodor Nenov, Nelson Barretta e a rapaziada da produtora.

Já na Argentina. Cruzando pelo norte do país, checamos e decidimos ir pra Carlos Pellegrini, tipo, o pantanal dos nossos hermanos. Fica entre as cidades Posadas e Corrientes. Estávamos numa rodovia linda, tipo tapete de tão lisa. Daí, entramos pra esquerda numa estradinha de terra com 140 km até a próxima aventura em Carlos Pellegrini. Na viagem de terra foi daqueles momentos que a concentração do humor era fundamental pra continuarmos viagem e todos chegarem. A caminhonete puxando a carreta com os equipos do balão. Demoramos muito. Muito mesmo! Era tanto pulo que o carro dava naquelas ‘costelas de vaca’ que não dava pra dormir, pensar ou responder com educação quem estivesse junto. Tirava uns ‘tijolos’ do nariz.
Chegamos à noite em Carlos Pellegrini com 7 ou 8 ruas de terra que iam, 7 ou 8 ruas de terra que vinham e uma praça no meio. Os administradores de Carlos Pellegrini deram uma moral pra orientar nas belezas cênicas locais e ficamos amigos deles. Tantas pessoas sensacionais que trombei nessa viagem, desde as águas salgadas do Atlântico, serras gaúchas/catarinenses, cordilheira dos Andes até o deserto do Atacama e as águas salgadas do Pacífico.
Um cara da equipe dos administradores de Carlos Pellegrini que não lembro o nome agora, mas, vou tomar a liberdade de batizar de ‘Riquelme’ pra facilitar… enfim, entramos no tema futebol fora da salade reunião com mapas, imagens e tal. O cara era Boca Juniors. Sou Palmeiras. As lembranças não foram boas (pra mim) nos embates do passado. Devia ter falado XV de Piracicaba.
O Riquelme me convidou pra jogar bola numa quadra de salão à noite. Era hora do almoço essa prosa. Antes dele terminar de falar já aceitei. A chance de jogar bola com argentinos, praticamente numa meiuca da Argentina era única e dificilmente aconteceria novamente na minha vida. Ele perguntou qual pousada eu estava. Falou que passava lá pra me buscar.
Na pousada junto com Nelson Barretta e Feodor Nenov estávamos organizando os equipamentos do balão pra voarmos no dia seguinte. O despertador apitava sempre às 3:30h da madrugada. Isso era phoda. Cama quentinha, frio lá fora e ter que começar a gravar e movimentar o corpo e a mente. Depois de escovar o dente, usava conta gotas pra enxaguar a boca naquela água gelada.
Pausa rápida. Em Carlos Pellegrini tive um dos voos mais tensos, numa pane num dos canecos do queimador do balão lá em cima. Mas, deixa o canal off contar com imagens essa aventura.
Na hora marcada Riquelme chegou na pousada. Fomos pra quadra de salão. Os argentinos todos reunidos. A galera falava muito rápido. Muito, muito, muito mesmo. Impossível entender. No começo até tentei interagir. Depois fiquei em silêncio. Não sou analfabeto no espanhol, mas, tava complicado. Dá até pra fazer um paralelo com Minas Gerais. Recentemente peguei a rodovia Fernão Dias indo de BH pra São Paulo. Parei num ‘puxadim’ na beira da estrada às 6:30h da manhã pra comer um sanduba de queijo & linguiça. As 2 senhoras que tomavam conta desse puxadim proseavam; minha nossa, praticamente não conseguia entender uma palavra que estavam falando de tão rápido.
Volta pra Argentina. A quadra não tinha teto. O gol não tinha rede. Os 4 holofotes acesos. No cimento da quadra tinha uma camada invisível de terra fina. Tênis normal não rola. Era o meu. Os argentinos jogavam com uma alpargata de sisal pra não escorregar. Molecada de 18 anos. Junto com Riquelme, éramos do máster naquele momento.
A rapaziada muito habilidosa. Passes rápidos e aquela correria sem fim. Eles não gritavam e nem falavam durante o jogo. Silêncio de biblioteca na quadra. O goleiro do time adversário era uma formiga atômica. Pequeno e ágil. Na única hora que eles falaram foi quando eu estava praticamente na cara do gol num cruzamento rasteiro vindo da lateral, enfiei toda a força na bola e a formiga atômica encaixou e pegou. O silêncio não existia mais. O time adversário comemorou com o nome do goleiro. Não lembro o nome dele também; e vou batizar de Alberto Pumpido. Pensei: que merd*. Claro que tinha mais palavrões naquela hora, mas, vou ficar só com esse. Segue o jogo. O zagueiro era gigante. Numa hora, o Pumpido rolou a bola pra esse zagueiro e ele meio de costas pra virar. Quando ele virou, colei, dei o bote e consegui a bola. Indo babando na direção do gol e já pensei: rodou Pumpido. Ele achou que mandaria aquele canudo de novo e foi indo pra mesma manobra que defendeu a bola anterior… minha perna direita já tava armada, mas, coloquei num toque suave por cima.
O zagueirão me marcou o resto do jogo e dava pra ver que tava bravo.
No final não lembro o placar. Foi uma das minhas maiores experiências no futebol. Jogar com argentinos na casa deles. E claro, pela rivalidade no futiba que é eterna e maravilhosa! Cumprimentei um a um pelo jogo que tive. Pra eles foi mais um jogo pra curtir em Carlos Pellegrini. Pra mim, foi surreal!
Riquelme me deixou na pousada. No quarto, cheguei engatinhando com as pernas cansadas. Barretta e Feodor já deitados. Escovei o dente. Só tirei o tênis e entrei suado embaixo das cobertas pra esperar o despertador me chamar às 3:30h.
Viva o futebol! Viva Carlos Pellegrini! Viva nossas experiências!
Updater: Flavio Cremonesi
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