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A escola está atrasada, mas você também está

Ainda em mil oitocentos e bolinha, o economista Schumpeter foi um dos primeiros a falar sobre inovação tecnológica e sua ruptura. Em ondas, a humanidade presenciou várias destas revoluções. Não se trata apenas de impacto em empresas e seus produtos, mas na sociedade como um todo. Para dar apenas um exemplo, a Revolução Industrial foi a grande responsável pelo surgimento das grandes cidades e da escola como conhecemos hoje.
Com o economista também aprendemos que estas revoluções estão mais curtas. Porém, nada melhor que a analogia feita por Alvin Toffler para entender isso. Toffler dividiu os últimos 50 mil anos da humanidade em 800 blocos. Destes 800 blocos, apenas quem viveu nos últimos 150 moraram fora da caverna, somente nos últimos 70 deixaram algo escrito para a geração seguinte e, só nos últimos 3 andaram em um veículo motorizado. Praticamente tudo o que usamos nos dias de hoje foi inventado nos últimos dois blocos.
A sensação de que as coisas estão mudando muito rápido não é apenas uma sensação, é fato, mas um fato antigo. O que mudou nestes 50 mil anos é que as grandes mudanças agora podem ser sentidas em vida. Em 1900, a expectativa de vida do brasileiro era de 33 anos e as grandes mudanças demoravam 60. Mesmo estando vivo no meio da revolução, ela seria suave o suficiente para não percebê-la. Hoje, uma grande mudança leva 25 anos, enquanto a expectativa de vida média do brasileiro é de 76 anos.
A internet comercial no Brasil completou 20 anos e é cair no comum falar sobre como ela mudou tudo. Contudo, esta experiência torna mais fácil entender o que vem pela frente. A cada 5 anos, temos pequenas mas importantes mudanças. Para ilustrar, basta pensar que um adolescente de 16 anos só teve acesso ao iPad com 11 anos de idade e o iPhone com 8. Muitos destes tem irmãos menores que já nasceram usando estas tecnologias. Outro exemplo? Gostando ou não, o Youtube conquistou um papel extremamente relevante na educação dos mais novos.
Se você tem um filho adolescente, a possibilidade dele viver 100 anos é enorme. Nem precisamos ir tão longe. Em 10 anos, estes adolescentes estarão entrando no mercado de trabalho. Em 20, terão apenas 10 anos de carreira. Por quantas rupturas tecnológicas ele irá passar? O que você está fazendo para prepará-lo para esta realidade?
Muita gente — e me incluo nesta lista — acredita que estamos passando por uma nova Revolução. O “r” em caixa alta não é a toa. Parece loucura dizer isso, mas a nova geração já está atrasada. E se na próxima década você não se aposentar com dinheiro suficiente para se manter fora do mercado de trabalho, você também está. Não sabemos nem mesmo se o mercado de trabalho poderá ser chamado de mercado de trabalho.
A escola, a quem botamos boa parte da carga de responsabilidade para educar nossos filhos, tem recebido críticas de todos os lados. Uma frase que se tornou comum nos últimos anos diz que temos uma “escola do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21”.
Apesar de ter um fundo de verdade, não gosto da frase. Fundei uma empresa que tem uma das frentes tentar mudar isso. Também montei cursos para pais e para gestores para ajudar a passar por esta transição. Uma ideia que tento passar neste trabalho é que apontar o dedo para quem está atrasado não elimina o problema.
Parto do princípio que esta nova Revolução está mudando o que fez a escola surgir. A transição é maior que a escola.
Ainda que a escola possa evoluir muito para preparar a nova geração, não bastará ter boas escolas, bons cursos de inglês ou saber microinformática. Não se engane achando que a resposta seria aprender mandarim ou um curso de robótica. A solução e muito mais complexa e não existem fórmulas, pois o momento que vivemos é único.
Está na hora de pensarmos melhor sobre o assunto, pois o tempo está correndo. E cada vez mais rápido.
Updater: Ricardo Cavallini
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