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Anthony Bourdain era a mente inquieta que precisamos para os dias de hoje

Imagine que você possa criar dois tipos de listas de pessoas para sua vida, uma em particular tem criativos, inventores, líderes, escritores, atletas, pessoas espirituais – com quem você adoraria, um dia, sentar e conversar. São pessoas inspiradoras, admiráveis, que entenderam a percepção da própria vida e fizeram algo muito especial com ela.
Bourdain é uma dessas pessoas, que estaria no topo da sua lista. Ele era o cara que parecia ter sido criado para um filme interessante, mas para a vida real. Carregava um tipo de indiferença que só pode vir de um tipo de personalidade ou experiência de vida, de modo muito particular, cheios de altos e baixos, e viver para contar a história. Talvez seja daí que veio sua empatia também. Foi a empatia de Bourdain que o permitiu navegar por lugares, culturas, salas de jantar, sem problemas. Ele poderia encontrar o glorioso e empolgante significado da vida em um pedaço de bacon tão facilmente quanto ele poderia nos olhos de um refugiado desabrigado – e expandir nossa percepção da vida além daquele momento, tudo isto em frente a câmera, falar sobre ambos. Uma pessoa fora do que se considera uma “curva”.
Mesmo construindo uma carreira de sucesso em NYC, foi no começo deste novo século que o chef iniciou seu trabalho como apresentador. Virando a lenda global que é hoje – em diversos sentidos. O chef sempre teve o enfoque de visitar países variados, descobrindo seus sabores e tecer um retrato único sobre a cultura e a sociedade ao redor, mas sem generalizações, apenas pela vida ao seu redor.
Hoje (6), você vai embarcar em uma viagem gastronômica e cultural por Lyon na companhia de Anthony Bourdain. Não perca o primeiro episódio da série Lugares Desconhecidos, às 18h30, com apresentação de @andremifano. Saiba mais: cnnbr.tv/2QQuSnF
— CNN Brasil (@CNNBrasil)
2:00 PM • Sep 6, 2020
Para jovens escritores, viajantes e até onívoros, o programa e a pessoa é uma referência para assistir e dizer “ah, é assim que se faz”. O chef americano provou ser um guia para o telespectador casual da CNN, mostrando às pessoas que ser curioso, receptivo, empático e honesto é a melhor maneira de se mover pela vida.
Uma mente como a de Anthony Bourdain é rara, e espero que ele, mesmo em algum breve momento, tivesse conhecimento disto. Infelizmente o chef nos deixou em 2018, mas toda uma geração que o acompanhou, e agora uma nova, poderá continuar acompanhando suas aventuras pelo trabalho e boas conversas que ele deixou.
No Brasil, “Anthony Bourdain – Lugares Desconhecidos” ganha estreia na CNN Brasil hoje, e acontecerá todos os domingos. Ao ler a nota da imprensa, lamentei que a gigante de notícias não deve transmitir os episódios de modo cronológico, mas selecionado por outras mentes que, se não acompanhavam o programa nos seus tempos originais, poderão repassar uma imagem inicial um bocado diferente do que citei aqui. Acredite, existe uma importância evolutiva para quem for acompanhar seus mais de cem episódios, em doze temporadas originais.
Fica então a esperança da CNN Brasil não selecionar apenas os “episódios fáceis” – base de programas focados em temas culinários. Não precisam competir com conteúdos próximos do estilo da GNT (que faz muito bem o que faz), Anthony Bourdain por si só já é um mundo inteiro de conteúdo, e muito além do prato.
O Brasil terá como primeiro episódio “Lyon” (originalmente episódio três, da terceira temporada) para contar a importância do “cenário gastronômico francês”, quando na verdade, o primeiro episódio original, da primeira temporada, entrega nada menos do que Mianmar:
Como você poderá não ver de inicio, pense que o primeiro episódio da o tom para o que o público deve esperar da série desde o início. A primeira escolha de destino para o programa de Bourdain foi um país que, até pouco tempo, era proibido para estrangeiros.
Neste primeiro episódio original, Bourdain janta Mohinga (sopa de peixe com macarrão de arroz), salada de cabeça de porco com folhas de limão Kaffir e pescoços de frango, tudo enquanto conversava com várias figuras locais, como o diretor do Instituto de Jornalismo de Mianmar U Thiha Saw e a autora do livro de receitas birmanês Ma Thanegi. E também acompanhamos o chef com o convidado Philippe Lajaunie, o ex-proprietário da Brasserie Les Halles de Nova York – um primeiro sinal da obsessão de Bourdain em discutir cozinhas únicas nos mesmos tons reverentes que as pessoas costumam reservar para estabelecimentos com estrelas Michelin.
Não sabemos ainda quais serão os próximos episódios selecionados, mas se tem Anthony Bourdain, tem uma boa companhia para qualquer horário do dia.
Bon apetit para seu estômago e mente.
Updater: Julio Moraes
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