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As histórias que as embalagens contam

Em tempos de storytelling e de histórias nem sempre verdadeiras, criadas para ajudar a vender um produto, informações muito mais reais escritas nas embalagens nem sempre são levadas em conta pelo consumidor. Hoje, as embalagens são pensadas para muito além da funcionalidade e da estética, estampam estratégias de marketing com personagens e histórias inspiradoras, muitas vezes ligadas à sustentabilidade, outras muitas vezes fake.
É engraçado perceber como alguns posicionamentos de marca são decisivos para a compra, mas outros fatores muito mais tangíveis, como o processo de produção, são normalmente ignorados.
Além do discurso, embalagens de alimentos, por exemplo, informam o que tem ali dentro, em ordem decrescente, ou seja, dá para saber se aquele produto é mesmo integral ou se a “farinha de trigo enriquecida” vem antes, conta o material de que são feitas e, consequentemente, em qual lixeira descartá-las, entre outras coisas. Mas quem tem tempo para ler embalagem, né? Dá para olhar a data de validade, se for o caso, e pronto.
Mas não é natural querer saber o que o seu dinheiro está financiando? Comprar um item, qualquer que seja, não é só adquirir alguma coisa, é também informar ao fabricante que você quer mais disso no mundo e é isso que ele vai oferecer. E pode ser trabalho análogo ao de escravo, madeira ilegal, poluição de nascentes e por aí vai. Produzir gera impacto, mas sempre dá fazer melhor.
Como saber?
Nem sempre os fabricantes dizem, mas também não é o caso de esperar alguma ONG denunciar e fazer petição online. Um bom indicador dos procedimentos da empresa podem ser os chamados selos verdes, certificações que garantem a qualidade socioambiental de um produto. Já existe selo para tudo, até para prédios que atendem a critérios de sustentabilidade, como o LEED, atentando para janelas com mais passagem de luz, torneiras que ajudam na economia de água, utilização e reciclagem de materiais, por exemplo. No Brasil, alguns selos já são bastantes conhecidos:
Selo Procel: indica quais equipamentos e eletrodomésticos disponíveis no mercado nacional apresentam maiores índices de eficiência energética.

FSC (Forest Stewardship Council – Conselho de Manejo Florestal): sistema de certificação internacional que garante que o produto é originado de manejo responsável das florestas.

Orgânico Brasil: o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica identifica produtos cujas fases de produção respeitam princípios como a preservação da diversidade biológica, o uso racional do solo, da água, entre outros.

Existem vários outros selos nacionais e internacionais e você nem precisa conhecer, basta olhar a embalagem para descobrir e expandir sua noção de consumo responsável. A ideia é essa mesmo: essas certificações foram criadas para mudar e melhorar os padrões de consumo e “premiar” quem se empenha em fazer produtos ambiental e socialmente corretos – mas é claro que só funciona se as pessoas perceberem isso como um diferencial. Não, nem sempre custa mais caro.
Pode até parecer uma ação isolada e individual de consumo responsável, mas como tudo está conectado, isso não muda apenas o mercado. Tanto é que “assegurar padrões de consumo e produção sustentável” é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a agenda pós-2015 que vai vai substituir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e cuja a adoção será debatida por lideranças mundiais no próximo mês em Nova York. Em tempos de um só planeta para mais de 7 bilhões de habitantes, não dá mais para se contentar apenas com o famoso “menos é mais”.
Updater: Do Leitor
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