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As insuportáveis e repetitivas propagandas na rádio e TV a cabo

Se você, como eu, escuta notícias no rádio no caminho para o trabalho, com certeza sabe do que estou falando. Nós somos obrigados a escutar o mesmo spot de rádio um milhão quatrocentas e vinte e sete vezes. Mais ou menos. Geralmente uma marca tentando ser engraçadinha durante 30 segundos. Mas, mesmo que seja, quem é que aguenta a mesma piada, o mesmo bordão, o mesmo jingle e o mesmo acting canastrão dessas peças, Ad Nauseum, todo santo dia?
“Ah, mas então o anunciante comprou um pacotão na rádio e não vai usar?”
Claro que vai!
Mas MUDA A PEÇA, PELAMORDEDEUS!

Não falo nem do flight em sí, mas sim da peça mesmo. Papagaio, papagaio, papagaio.
Se você é anunciante ou mídia de agência, pô, é fácil saber quando o espaço que você está comprando faz parte de um programa/meio em que as pessoas voltam todo santo dia e toda hora. E que portanto ficam super expostas à sua peça MUITO RAPIDAMENTE. Muitas vezes, basta um par de horas. Eu sei que é um conceito básico, até para mim que sou de criação coitado, mas parece que a regra tem sido ignorada em favor de um planinho de mídia cheio de “Xzinhos” e pronto, sem se levar em conta o desgaste natural das peças.
Na TV a cabo é a mesma coisa.
Primeiro, pela sacanagem do modelo de negócio desses canais, que surgiram justamente em forma de assinaturas para dispensar a necessidade de publicidade para existir. No começo era assim mesmo, mas hoje tem mais break que a TV aberta. Ninguém lembra disso, nem reclama.
Segundo porque esses canais seguem uma grade internacional e por isso (acho) interrompem sua maratona de Big Bang Theory de 3 em 3 minutos para veicular um número ridículo de promos do próprio canal. Aí, se você insistir na maratona por 1 hora, vai ter que fazer uma maratona paralela, de uns 40 minutos, só com promo. Tô chutando esses números, mas se bobear, é capaz de ter mais tempo de break do que de programação. Sério.No online também tem excesso, claro, mas dá para ignorar, dá para pular, dá para fugir. Na mídia tradicional, linear, você precisa esperar o spot, o comercial. E no caso dessas que a gente é fiel e consome todos os dias, acaba rolando o marketing de interrupção do pior tipo possível: o que interrompe para irritar.

Enfim, entendo obviamente a necessidade de propaganda e nem vou entrar no mérito da frequência macro, aquela do ponto de vista matemático, quantitativo. O ponto aqui é frequência e superexposição DA MESMA PEÇA.
Se me lembro bem lá do tempo da faculdade ainda, tinham umas contas para se chegar a um número ideal de veiculações e otimizar a retenção das peças. A literatura publicitária falava algo entre 7 e 10 veiculações para as pessoas captarem vossa mensagem, ó sábio guru. Depois disso você entra na fase da irritação. É aquela famosa curva em formato de sino no gráfico.
Então, para encerrar, queria só mandar um alô para a galera de mídia, para o pessoal de vendas de espaços de rádios e TVs a cabo – e para os anunciantes: gente, vocês estão irritando as pessoas. Muito. Vocês ultrapassaram, não apenas aquele momento ótimo de eficiência, mas já estão ladeira a baixo, indo no sentido oposto do desejado e fazendo O PAPEL CONTRÁRIO do seu propósito inicial, criando uma aversão à sua marca.
Não é que vocês estejam perdendo dinheiro. É bem pior que isso. Vocês estão PAGANDO para fazer as pessoas pegarem birra da sua marca. Investindo na diminuição da base de consumidores e na destruição da imagem da sua marca.
“Oi! Eu vou encher o seu saco. Oi! Eu vou encher o seu saco. Oi! Eu vou encher o seu saco. Lembre-se, eu sou a marca X e estou aqui para encher o seu saco.”
Quer continuar interrompendo, tudo bem, posso entender isso. Mas peloamordedeus, MUDA PELO MENOS A PEÇA.
Updater: Wagner Brenner
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