As Madrugadas de Segunda pra Terça

Madrugada. Segunda pra terça. Mestrado no Word. Cursor do mouse piscando. Nenhum chat no Facebook. Livros fechados na mesa. Preisner tocando.

Penso no horário que tenho que acordar ao mesmo tempo em que penso em Gregor Samsa, a “barata” do Kafka. Se eu acordasse como ele, a última das minhas preocupações seria em como chegar no trabalho.

Queria uma metamorfose, aquela do tipo que dê para aproveitar esse sol de agosto nos dias úteis. Queria o impossível, aceitar o absurdo e ter esperança no mundo.

Ainda madrugada e ainda todo o resto. Rego a planta artificial de casa e ela me parece mais verde. Assim que ela cai do vaso eu percebo a sua artificialidade, assim como percebo a artificialidade de tudo isso.

Não quero virar uma barata, nem quero achar que estou sonhando, quero o sol dos dias úteis.

Não sou caixeiro-viajante, nem artista. Não sou Fernando Pessoa, nem Chico Buarque. Sou o Gregor Samsa, principalmente nas noites de calor de uma madrugada como essa, onde alguns poucos carros com jovens gritando passam em direção a um lugar onde eu queria estar.

Updater: Tiago Souza

Reply

or to participate.