Brandweek: sobre marcas, política e #elenão

“For democracy to work, people have to vote”

Semana passada rolou em Palm Springs, na Califórnia, o Brandweek – evento organizado pela Adweek que reune CEOS e CMOS das marcas mais amadas e bem avaliadas do mundo para discutirem o futuro da Comunicação.

Só para você ter uma ideia do quorum: CMOs do Spotify, Bumble, MINI cooper e celebridades como Kevin Hart (ator) e Tony Robbins (coach). Acompanhei o Matt Sorum (ex-baterista do Guns and Roses, Velvet Revolver e The Cult) – um dos sócios da Sthorm, uma crypto venture builder.

Entre palestras brandas e media kits, uma se destacou e foi a da Jennifer Sey (CMO global da Levi’s), que entrou no palco vestindo uma camiseta branca escrito VOTE e calça jeans Levi’s.

“USE YOUR VOTE”, é o nome de uma campanha que foi lançada em setembro nos Estados Unidos sob o mote “We encourage everyone to use their voice to make a positive impact on the world. With Midterm Elections nearing, your vote is the ultimate use of your voice. So use it.”

Em tempos de #elenão nos trending topics brasileiros, a pauta POLÍTICA nunca se fez tão presente em nossa agenda – e a pergunta que não saiu da minha cabeça foi: Por quê nenhuma marca brasileira, salvo a campanha do BK, tem a coragem e ousadia de se posicionar no território da POLÍTICA?

No caso da Levi’s, a marca se posiciona politicamente desde os anos 80 e entende que uma “marca não deve ignorar o espírito do seu tempo e manifestar-se politicamente faz parte disso”, diz a CMO, que me fez lembrar um quote da Nina Simone:

“O dever do artista é refletir o seu tempo, com isso que me preocupo! Eu acho que essa é a verdade dos pintores, escultores, políticos, em suas escolhas. Eu escolhi refletir o tempo e as situações em que me encontro, isso para mim, é o meu dever. E nesse momento crucial de nossas vidas, quando tudo é tão desesperador e tentamos sobreviver a cada dia, não tem como não se envolver, jovens brancos e negros sabem disso e é por isso que estão tão envolvidos com política. Nós vamos moldar e mudar esse país ou ele não será nem modelado nem receberá forma alguma. Eu não acho que há uma escolha. Como ser artista e não refletir sua época? Pra mim essa é a definição de um artista.”

Como ser uma marca relevante e não refletir sua época?

Acredito que marcas que querem: ter protagonismo, voz ativa e construir diálogos com seus consumidores PRECISAM se posicionar politicamente. Não é sobre panfletarismo político, mas abraçar a importância da democracia e conscientização política – mesmo que sem expressar partidos ou ideologias. Ignorar o tema, como se ele não fizesse parte da sua agenda ou plataforma, é perder relevância dia após dia.

Branding & Zeitgeist andam juntos – ainda bem!

Updater: Mayte Carvalho

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