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Chega de “O mundo mudou”!

CENA 1: Entra a agência, toda a equipe, naquela sala de reunião corporativa do potencial cliente. O desfile de All Stars, ligam-se os Macs, abre-se o Keynote, viram para um grupo de executivos corporativos mais ou menos engravatados e, no segundo slide, a fatídica frase:
CENA 2: Evento para o mercado publicitário; networking na recepção, check-ins em sua plataforma preferida. Sobe palestrante, testa microfone (“alou, um, dois“); coincidentemente, no segundo slide, a onipresente frase:

“O mundo mudou”
Seguem-se dados sobre consumo do meio digital (versus TV e Jornal), crescimento da plataforma xyz e, fatalmente, um profissional pegando o seu celular e complementando: “o consumidor está aqui”.
Hummm, reflitamos
Bom, meu querido, preciso dizer que o tempo passou e grande parte do público já entendeu que “o mundo mudou”. Não todos, é verdade, mas não está na hora do discurso de defesa dos meios digitais passarem para um próximo nível da discussão?
É compreensível que, a esta altura, mesmo os mais resistentes perceberam que não se pode tratar o digital como uma extensão, algo “para a equipe de online” ou para aquele nerd que era esquecido de ser chamado para as reuniões de briefing.
Mas a corrida na migração digital fez com que surgissem uma série de generalistas amadores no meio. Gerentes de conta e planejadores que, após um curso de uma semana de “marketing digital” repetem incansavelmente os jargões já utilizados desde 1999.
Escolha sua frase preferida e divirta-se com seus amigos durante palestras e reuniões com este Bingo digital:
Este discurso repetitivo e superficial funcionava em uma época onde a atuação de um diretor de marketing no meio digital se resumia a responder seus e-mails corporativos; mas, os diretores de marketing mudaram e, acredite, já se atualizaram também. Ou, ao menos, deveriam após ler este artigo do Pyr Marcondes sobre porque os CMOs estão sendo demitidos.
Digital = Energia elétrica
Da mesma forma, o conflito entre on e offline é algo que não deveria existir. Ainda que a Intermeios e afins questionem continuamente a divisão do bolo publicitário entre os diferentes mídias, vale repetir a máxima, em caixa alta, INTERNET NÃO É MÍDIA! Quer dizer, não é SÓ mídia.
Em minha singela opinião, digital é ‘energia elétrica’; é ferramenta, que desconstrói a TV (conteúdo audio-visual), o rádio (conteúdo sonoro), revistas (conteúdo visual); portanto, mais importante que divisão de mídia, nos questionemos sobre os formatos que são aplicados a cada tipo distinto de conteúdo.

É bem possível que agências e palestrantes que sigam o discurso do “mundo mudou” tenham se perdido na constante dinâmica do comportamento humano e da evolução da tecnologia, que se retro-alimentam no melhor estilo ‘dilema Tostines’.
Isto significa que, apesar do enaltecimento de ações ‘interativas’, ‘engajadoras’ e <escolha.seu.termo.preferido>, muitas propostas comerciais acabam, invariavelmente, apresentando as mesmas respostas, não importa qual a pergunta; por exemplo, aquele vídeo contando uma história fictícia de um ator como se ele fosse ‘uma pessoa real’ (lembra do “vamos fazer um viral” dos anos 2000?).
Não creio que absolutamente todas as campanhas publicitárias serão genialidades relembradas a cada curso de marketing; fato, sempre (sempre) teremos campanhas interruptivas que pedem um minuto do seu tempo para apresentar esta incrível oferta (customizada, esperamos, mas nem sempre). E isto está ok! Quer dizer, sabe aqueles dias em que não queremos interagir, colaborar, engajar? Pois então, interrompa-me com algo relevante, divertido, curioso ou que possa servir para minha vida e ficarei feliz. Mas, no dia seguinte, quando vier à reunião, não interrompa dizendo que “o mundo mudou”.
Ele muda, é o que o mundo faz…
Próximo slide, por favor.
Updater: JC Rodrigues
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