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A colherzinha do McDonald’s que era usada para cheirar cocaína

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Uma das coisas mais difíceis para um profissional de marketing é prever “usos alternativos” de suas marcas, produtos e serviços. Afinal, a criatividade humana não tem limites.

Já usaram Coca-Cola como bronzeador, fio dental como varalzinho no banheiro de hotel e pasta de dente para lustrar sapato.

Ah, e colherzinha de café do McDonald’s para cheirar cocaína.

A McSPOON

Essa é a pequena e inofensiva colherzinha de café lançada pelo McDonald’s no início da década de 70. Ela tinha um design meio diferente, era pequena e comprida, parecida com aqueles mexedores de drinques. Rapidamente virou a McSpoon.

A McSpoon era o souvenir preferido, principalmente entre os clientes que, além de café, gostavam de Coca. Não aquela do balcão. Coca, cocaína mesmo.

Tinha a medida exata de uma cheirada, 100 miligramas, um instrumento de medição.

Tinha o tamanho certinho para uma narina, um instrumento para cheirar.

Traficantes começaram a colocar 10 colherzinhas de brinde nos pacotes que vendiam.

Era gratuíta, tinha em qualquer esquina, descartável.

E cheirar usando o símbolo do capitalismo dava mais barato.

Claro que apenas uma pequena fração dos consumidores do McDonald’s usavam a McSpoon para cheirar cocaína e o fato tinha tudo para passar batido, mesmo porque uma empresa não pode ser responsabilizada pela doideira sem limites do ser humano.  A moda passaria, não fossem dois senadores da época, que resolveram fazer barulho e enquadrar a colherzinha como “drug paraphernalia”, um acessório facilitador para uso de narcóticos. 

Ah, a doce vida de um marqueteiro do Ronald McDonald. Não é fácil.

As colherzinhas foram tiradas de circulação.

Só isso já seria uma história bizarra o suficiente para entreter seu cliente na próxima reunião com a agência, mas agora é que fica bom.

IDEIA DE JERICO #01

Com um estoque gigantesco de colherzinhas encalhado, o pessoal do marketing teve uma ideia:

“Vamos mandar para as nossas lojas em outros países!”

Boa.

Cheirar cocaína com a colherzinha do McDonald’s virou um barato mundial. Agora era GLOBAL drug paraphernalia.

Pessoas foram demitidas e em 1979, nove anos de pesadelo depois, todas as colheres sairam de circulação.

IDEIA DE JERICO #02

No ano seguinte, comecinho de 1980, o McDonald’s resolve lançar sua nova colherzinha de café:

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É sério.

Apenas um ano depois de um dos piores pesadelos da empresa finalmente ser encerrado, o pessoal do marketing resolve lançar um outro mexedor de café, desta vez uma pequena espátula, como se isso fosse o suficiente para evitar que o pessoal a usasse para cheirar cocaína.

Foi uma grande festa entre os viciados.

Foi mais ou menos como o lançamento de um novo iPhone na versão submundo da droga. O bagulhinho de mexer café 2 plus. Agora com espátula, que ainda serve para dar uma espanadinha e limpar sua narina e não dar bandeira.

Mais pessoas foram demitidas.

IDEIA DE JERICO #03

Para acabar com o problema de vez, mas sem deixar seus consumidores sem um mexedor de café, os marqueteiros do Ronald brilham mais uma vez e lançam um palito de plástico, que tem a mesma eficiência para mexer um café do que um cabo de vassoura para remar em um barco.

Pelo menos era o fim da história.

Ahnnn… ainda não.

Colherzinhas e espatulazinhas foram ficando mais raras e viraram objetos de culto. A partir de 1998 começaram a ser vendidas no eBay. No começo por 5 dólares. Hoje dizem que tem McSpoon que chega até a 100 dólares.

Em 2005, um artista de São Francisco chamado Ken Courtney criou uma réplica exata da colherzinha feita em ouro, uma peça representativa da cultura pop que passou a viajar de galeria em galeria, renovando o storytelling.

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E assim, cá estamos em 2014.

E se você entrar em algum McDonald’s e pedir um café, vão te dar um copinho de isopor, talvez um palito de plástico e “você que se vire para mexer seu café, a gente não tá nem aí, problema seu, e além do mais nosso negócio é hamburguer, quer café vai no Starbucks”.

Coisas do maravilhoso planeta do consumo.

Updater: Wagner Brenner

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