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Comunicação visual pra cego ver

Um bom design pode fazer com que cegos vejam, diminuindo assim as distâncias e fazendo com que mais gente tenha as mesmas (ou equivalentes) oportunidades.
Em uma aula na faculdade, ouvi de um professor, referência do design nacional, que uma boa marca é aquela que pode ser descrita para alguém em uma conversa ao telefone. Baseando no trabalho de Alexandre Wollner, com quem ele havia trabalhado, o professor nos ensinava que um desenho com traços simples e consistentes deveria ser a meta do nosso design para alcançarmos como resultado marcas fortes e resistentes, principalmente mas não somente, ao tempo. Tomei esta ideia como uma luz para tornar a comunicação visual acessível também para as pessoas com algum tipo de deficiência visual, algo aparentemente paradoxal.
Pelo menos 6,5 milhões de brasileiros tem deficiência visual e o maior desafio de um designer gráfico acredito ser justamente projetar para estas pessoas. Para as olimpíadas deste ano, no Rio de Janeiro, a Tátil Design – agência carioca de design – desenhou uma marca sinérgica que podia ser vista e sentida pela maioria das pessoas independente das deficiências que possuíam. O desenho foi modelado e impresso em três dimensões, “recebeu sensores de luz para integração ao toque e programação de movimento com som”. Eles conseguiram demonstrar quem um bom design pode fazer com que cegos vejam, diminuindo assim as distâncias e fazendo com que mais gente tenha as mesmas (ou equivalentes) oportunidades.

Outro projeto incrível e muito mais simples, no sentido de que pode ser implementado por qualquer pessoa, é o #PraCegoVer. Navegando pelo Facebook, percebi algumas páginas utilizando a hashtag, como por exemplo a do Ministério Público Federal, e fui pesquisar sobre o que se tratava.
Criado pela professora baiana Patrícia Braille, a ideia do projeto é criar uma audiodescrição para todas as imagens que você, sua empresa ou a marca que você administra, postam nas redes sociais. Com uma atitude muito simples você consegue dialogar com ainda mais pessoas e incluir na conversa uma parcela da população muitas vezes esquecidas. Sim, podemos criar comunicação visual para pessoas com deficiência visual e isso é incrível!
Por exemplo, para a imagem acima ficaria mais ou menos assim:
#PraCegoVer: Ao centro da imagem vemos a marca desenha para os jogos paralímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Ela é um coração em tons de vermelho, laranja e amarelo. A parte superior deste coração é muito semelhante ao símbolo do infinito, um número oito deitado. Atrás dela está Ádria dos Santos, velocista brasileira, deficiente visual, tocando o objeto e chorando emocionada por sentir a marca paralímpica pela primeira vez. A sua esquerda está Clodoaldo Silva, e a sua direita Daniel Dias, ambos nadadores. Clodoaldo encosta a mão esquerda no objeto.
A maior parte dos deficientes visuais utiliza o Facebook ou Twitter, por exemplo, com o auxílio de programas leitores de tela capazes de transformar em voz o conteúdo destes sites. Por este motivo o projeto #PraCegoVer promove a utilização de audiodescrição nas imagens que postamos nas redes sociais para que toda a informação do conteúdo possa chegar a maior parte das pessoas. Isso é inclusão e sem dúvida contribui para uma sociedade mais justa e igualitária.
Updater: Alan Bruno
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