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Criatividade e responsabilidade na retomada da euforia

No momento em que a vacinação avança no país, ainda que a passos lentos, é inevitávelpensar que poderemos, também a passos lentos, retomar a vida social depois de quasedois anos de isolamento. Para isso, é importante pensar qual o papel das marcas e dacriatividade nesse processo. Sim, criatividade é essencial, já que emerge da adversidade.Quanto mais você tenta resolver um problema real, mais a sua criatividade aflora; é ummecanismo intrinsecamente humano para solucionar problemas.

As marcas possuem um valor que extrapola, e muito, o valor do produto em si. As marcasinspiram comportamentos, confiança, estilos de vida. Por consequência, modulam tambémos comportamentos das companhias que as representam na responsabilidade com essespúblicos. É uma relação social e comercial complexa, que não pode ser ignorada.

No início da pandemia, essa responsabilidade ficou muito evidente no estímulo à segurançasanitária: empresas cujo negócio é bebidas, ajudando na fabricação de álcool em gel,investindo em hospitais, ajudando financeiramente os negócios intermediários (como bares,restaurantes e distribuidoras) e valorizando as suas marcas ao se associarem diretamente aesta busca responsável pelo bem-estar do seu público e de toda a população. Ou seja, aresponsabilidade da marca extrapola o produto em si. É preciso estar junto de outrasformas.

O sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade Yale, salienta que depois de períodos depandemia e isolamento como o que vivemos hoje, a humanidade tem a tendência a festejar.É um período de intensificação de relações, alegria e festejos. Em um papo com o DanielWakswaser, VP de Marketing da AmBev, no podcast 22000 pés, ele conta que esse períodojá está sendo planejado como “ideias para a euforia”.

Ouça o episódio #14 do 22000 pés aqui

Desse papo, destaco quatro pontos fundamentais para como pensar a ação das marcasnesse período vindouro de retomada de relações sociais offline – e eufóricas – possibilitadaspela imunização:

01. Responsabilidade

Já é possível vislumbrar a luz no fim do túnel principalmente peloexemplo de outros países. Israel, Inglaterra, Austrália já passam por um movimentode permitir algumas aglomerações, com idas a bares e pubs, shows, festivais. Mas épreciso ter em mente que é preciso migrar de um modelo de isolamento total, comeventos propícios a essa regulação de segurança (com as lives, pequenosencontros caseiros com amigos), para eventos coletivos maiores, comresponsabilidade. Como Daniel destacou na nossa conversa, o Brasil é um casoúnico, em que os protocolos de distanciamento nunca foram totalmente incorporadose que, mesmo com a vacinação, ainda há um índice de contágio alto, mesmo que onúmero de mortes diárias esteja em declínio. É preciso ir com calma e planejarlevando em conta o tempo que vai levar para uma taxa de imunização total dapopulação mais segura.

02. Visão Plural

Hoje há uma visão maniqueísta de que as coisas são uma coisa ououtra, A ou Z, como se não houvesse uma extrema complexidade e nuances entreum pólo e outro. Da mesma forma, não é possível pensar a atualidade como “umnovo normal” em oposição a um “velho normal”. Algumas mudanças que sentimosnos modos de consumo, por exemplo, foram aceleradas pela pandemia, mas jáeram uma realidade para onde o mundo já trilhava. O mesmo em relação aoconsumo midiático. Algumas redes sociais tiveram um boom de acessos e produçãode conteúdo, especialmente audiovisual, como YouTube e TikTok. Com o fim dapandemia e as relações acontecendo offline, mesmo que exista um desejo de “maisvida, menos telas”, as pessoas se habituaram a consumir esse tipo de conteúdo, jáestá assentado no dia a dia. É uma questão de entender os desejos das pessoas eadaptá-los ao que se sabe, equilibrar as coisas porque elas vão continuarcoexistindo.

03. Entender que algumas mudanças vieram para ficar

Algumas alterações no consumo e no mundo do trabalho que foram feitas em função da pandemia nãopossuem ponto de retorno. Hoje temos consciência de que não é necessário ter todauma equipe o tempo todo no mesmo espaço físico para que o trabalho seja feito deforma eficiente. Da mesma forma, o conforto do consumo online, com as melhorasexpressivas em termos de entrega, é outro fator que deve ser levado emconsideração. A pandemia também trouxe a realidade da imprevisibilidade. Se háduas décadas todas as ações precisavam ser pensadas para saber exatamente osdesdobramentos esperados, durante o período da pandemia precisamos pensarainda mais fora da caixa e desenvolver metodologias que incorporem o erro comoparte do processo, de incorporar cada vez mais pessoas, de diversas áreas aoprocesso criativo.

04. Incorporar a diversidade

E essa é a deixa para o quarto ponto. A diversidade favorece a criatividade. E esse é um ponto do diálogo atual da sociedade que nãodeve ter um ponto de retorno, mas de aprimoramento. A pandemia realçadiariamente as diferenças e desigualdades na sociedade brasileira e a busca porespaços (e ações) mais democráticos, mais inclusivos, mais receptivos devem estarsempre no radar. E, claro, só é possível fazer isso começando pelos nossos círculosmais íntimos de convivência e trabalho.É importante poder olhar para 2022 com esse lampejo de esperança, de anseio por essaeuforia. Mas é importante também manter um olho no presente, nos cuidados que ainda sãonecessários para que consigamos chegar lá com o equilíbrio necessário. Ainda há umcaminho desafiador a ser trilhado antes da festa.

Updater: Lucas Mello

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