UPDATE ME! COM DAVI BOARATO

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Fazer o que gosta, fazer bem aquilo que gosta e ser pago para fazer aquilo que ama. Tem coisa melhor?

Tenho um misto de admiração e “inveja” a vida do Davi Boarato. Por um longo tempo entrando as 9h e saindo às 18h pude acompanhar o momento que sua paixão por fotografia virou seu ganha pão.

Nessa série de gente que nos atualiza não pude deixar de conversar com ele sobre referências, fotografia e processo criativo.

UPDATE ME, DAVI BOARATO

Update or Die: O que mais te inspira em trabalhar com vídeo e fotografia?

A minha grande inspiração são as pessoas e suas histórias. A fotografia e o vídeo entram na minha vida como uma ferramenta que possibilita o contato com pessoas e mundos diferentes a cada novo projeto. É sempre uma surpresa quem vou conhecer. A minha visão de mundo e minhas crenças são constantemente questionadas e transformadas durante cada uma dessas experiências.

Uma grande inspiração pra mim foi conhecer no começo desse ano a Comunidade Aldeia, na zona rural de Itacaré, sul da Bahia. É uma comunidade de famílias que saíram das cidades para viver a vida na natureza. Não sabia exatamente o que ia encontrar por lá e a experiência foi impressionante, cheia de aprendizados e trocas. Acabei ficando lá 9 semanas com minha esposa e filha e o documentário aconteceu de forma natural. O filme foi selecionado pelo Festival Rocky Spirits e foi exibido ao ar livre no Parque do Ibirapuera em São Paulo e na Praia de Ipanema no Rio de Janeiro.

Update or Die: Qual o seu processo criativo nos projetos?

O processo de execução dos trabalhos é normalmente algo que me instiga muito, tento permitir que cada fase do projeto seja realizada considerando sempre a possibilidade de criação e adaptação da ideia inicial.

Normalmente busco projetos onde tenho tempo e liberdade de me envolver com as histórias para que o resultado seja o mais natural e verdadeiro possível, pois acredito que para se chegar em um bom resultado é necessário existir essa troca real no processo de execução.

Sempre que começo um trabalho tento não me preocupar com o resultado final do vídeo e foco as energias em me dedicar verdadeiramente a cada etapa que o projeto demanda, dessa forma fico aberto para mudanças de percurso do início ao fim. Se por um lado isso gera uma insegurança maior em todas as partes envolvidas, por outro o resultado acaba sempre sendo melhor do que se fechar em soluções previamente definidas.

Não vejo a criação como algo que pode ser segmentado por áreas de conhecimento, a troca acaba sempre resultando em um processo de execução do trabalho que é mais divertida e com um resultado mais verdadeiro.

Em 2013 morei em Berlin e fiz uma série de vídeos com artistas brasileiros que moravam ou passavam por lá. Cada vídeo foi uma surpresa, sempre fruto de uma experiência gerada com cada um desses artistas, Alex Flemming, Laura Gorski, Luzia Simmons, Xica Lisboa, Daniel Ribeiro e Camila Rodhi.

No vídeo Aya, com a coreógrafa Xica Lisboa, nos encontramos diversas vezes e o processo criativo foi completamente orgânico.

Update or Die: Como vc vê a relação entre trabalho e tempo livre?

Essa ideia de conciliar trabalho e tempo livre de maneira mais harmônica sempre guiou um pouco a minha vida. Desde 2008 meu escritório foi dentro da minha casa e agora faz 2 anos que não tenho nem mesmo sala ou mesa de trabalho. Isso me ajudou muito a deixar o trabalho entrar de maneira mais natural na minha vida. Não ter um local onde se trabalha todo dia faz com que eu não fique ali enrolando quando não tenho nada pra trabalhar e ao mesmo tempo me deixa livre pra me inspirar e ter ideias a qualquer hora do dia ou da vida.

Quando meu amigo Daniel Ribeiro, diretor do filme “Hoje eu quero voltar sozinho”, me visitou em Berlim, ele me mostrou o filme que ainda estava sendo finalizado. Gostei tanto do filme! Fiquei empolgado e gravamos quase que de brincadeira esse vídeo que entrou para a série que fiz com os artistas brasileiros em Berlim.

Update or Die: Qual job vc se orgulha?

Me orgulho de projetos onde a criação está aberta do início ao fim. Não curto começar algo onde já sei exatamente o que vou ver no final. Uma parceria bacana e com muita liberdade foi com o pessoal do Sesc para o Festival Sesc de Circo 2014, onde fizemos uma série de vídeos com companhias de circo de diversos países do mundo, cada grupo, cada local e cada espetáculo guiou a forma como os vídeos foram conduzidos e o resultado foi super bacana.

O vídeo abaixo foi gravado com a companhia australiana de circo chamada Circa.

Update or Die: Como foi trabalhar em coletivo e como esta sendo focar no seu trabalho individual?

Adoro trabalhar em parceria, trabalhei diariamente no Coletivo Galeria Experiência por 6 anos. O grupo ainda existe, mas nos encontramos esporadicamente, somente para projetos especiais. Acho muito importante trabalhar com pessoas, o meu grande aprendizado trabalhando em coletivo foi saber compartilhar, aprender e evoluir em conjunto, entender que uma ideia não precisa ter um dono e que o projeto é mais legal quando as pessoas se complementam.

Atualmente moro em Copenhagem, na Dinamarca, e no dia a dia trabalho sozinho, mas a cada novo projeto sempre convido pessoas de diferentes áreas pra complementar meu trabalho seja por aqui ou no Brasil.

Esse vídeo retrata Jun Matsui no projeto “Um dois três e já”. Essa é uma série mais antiga, que faz parte da exposição e do livro “Geração 00 – A Nova Fotografia Brasileira” com curadoria do Eder Chiodetto, que faz um apanhado sobre a fotografia brasileira na primeira década do século XXI.

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