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David Byrne, Asphalt Orchestra e rufo de tambor no meio da guerra

Um dos álbuns mais recorrentes nas listinhas de final de ano é o excelente “Love This Giant“, do David Byrne com a Annie Clark, (St. Vincent).

Merecido.

O disco é classudo, com arranjos de metais elaborados na maioria das faixas.

Gostei muito da “Outside of Space and Time”:

Aí, enquanto ouvia, fui dar uma fuçada e para minha surpresa, descobri que os sopros são da Asphalt Orchestra (que já postei aqui antes), uma marching band de primeira grandeza, composta por músicos talentosíssimos, que além de tocar coisas bem complicadas como Zappa, Bjork e até Tom Zé, ainda fazem umas coreografias no meio do povo. Ficaram famosos tocando na porta do Lincoln Center, em NY. Só craque.

Uma das músicas que mais gosto é “Carlton”. Dá uma ouvida, olha que bonito.

(tem no Spotify)

Marching Bands são demais.

Diferentes, porque não é você que vai até a música, a música é que vai até você. Te surpreendem no meio do seu caminho, e fazem você se atrasar para o seu compromisso. Os Estados Unidos têm uma forte tradicão de Marching Bands, bastante comuns em competições universitárias.

Antes delas, os confrontos eram outros e haviam as bandas militares.

E antes ainda, as Corps of Drums, que tocavam no meio das batalhas mesmo.

Essa história é muito louca e vale a pena conhecer.

Já pensou?

Música misturada com guerra?

Na verdade,  a função desses caras era bem diferente da que conhecemos hoje, do entretenimento.

Eles eram sinalizadores. Amplificadores de ordens.

Cada infantaria tinha uma dupla: um com tambor e outro com um pífano.

Como o comandante não podia ser ouvido por causa dos tiros e explosões, a dupla tocava sequencias que eram reconhecidas pelos soldados.

Lembra da corneta que tocava quando a cavalaria estava chegando? Pois é.

Eu fico imaginando a vida desses dois, o do tambor e o do pífano.

Enquanto todo mundo se preparava para a batalha pegando sua espingarda e balas, os caras pegavam um tambor, as baquetas e o pífano.

Enquanto todo mundo ficava quietinho e abaixadinho dentro das trincheiras, os caras faziam um solo para tambor e flauta, em pé, pra todo mundo ouvir, bem no meio do tiroteio.

E como o inimigo sabia exatamente o que eles estavam fazendo, adivinha em quem eles atiravam primeiro?

Com o final das batalhas cara a cara, as bandas militares se condensaram e foram ficando mais cerimoniais. Voltaram a tocar música mesmo (hinos, funerais, etc).

E essa é a origem remota das Marching Bands, que tocam em movimento, mas que hoje rebolam por prazer e não para desviar dos tiros.

Então, um brinde aos corajosos músicos da guerra e ao bom “Love This Giant”, do David Byrne.

Updater: Wagner Brenner

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