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DC Fandome mostrou como um evento digital pode ser

Este ano não foi muito bom por vários motivos, mas um deles está na falta de eventos presenciais (assim como convenções) para anúncios na mídia e troca de ideias. Normalmente, o verão norte-americano esta lotado de notícias bacanas sobre a cena da cultura pop em particular – sobre o que esperar em um futuro próximo de videogames, filmes, histórias em quadrinhos, programas de TV, etc… Com as coletivas de imprensa apresentadas com estilo para uma multidão de fãs fervorosos. É difícil descrever o entusiasmo e a animação que vêm com a série de convenções ‘de verão’, não apenas como um lugar para receber notícias, mas como uma maneira de ver seus criadores de mídia favoritos enquanto falam sobre o que estão fazendo.
C19 chegou, e então, de repente, organizar eventos em centros de convenções lotados não parece mais uma boa ideia. A fileira dominó de cancelamentos começou a cair entre as principais da cultura pop, que vão desde a Electronic Entertainment Expo (E3) 2020, que se concentra principalmente em videogames, Star Wars Celebration 2020, uma convenção para todas as coisas “Star Wars” até a perene San Diego Comic-Con, que por muitos anos foi o lugar para as notícias dos quadrinhos e, nos anos mais recentes, o lugar para os filmes de super-heróis e programas de TV de sucesso a serem anunciados.
PSA: #ComicConAtHome is coming up and preparing is simple! Subscribe to our YouTube channel bit.ly/3f07azP and tap the notification bell so you’re set to see panels as soon as they’re released. Plus, be sure to visit our website for more content to come.
— Comic-Con International (@Comic_Con)
8:15 PM • Jul 1, 2020
Neste processo de esperar uma solução para o que esta lá fora e precisar seguir com alguma parte da vida e trabalho, algumas conferências de imprensa digital apostaram – e foram realizadas com sucesso, como o evento de revelação do PlayStation 5 da Sony, mas a maioria das tentativas de realizar convenções inteiras não. A Comic-Con @ Home, a substituição pretendida da Comic-Con de San Diego, representou pouco mais do que uma série de reuniões de Zoom. O evento tinha uma sensação monótona do começo ao fim, sem grandes anúncios, devido a grandes empresas não quererem se associar ao formato – e pela incerteza de agendas.
Eis que somos apresentados com a DC Fandome, convenção digital de todo o dia da DC Entertainment Inc com a Warner, foi diferente. Ocorrendo em 22 de agosto no site DC FanDome, gratuito para todos os participantes, ficou evidente que a empresa investiu dinheiro e esforço para replicar o ambiente animador de evento e ao mesmo tempo lembrar que rede social é um campo instável. Emulando os corredores de um típico centro de convenções, a Fandome criou um palco virtual que, usando uma grande quantidade de telas verdes, fazia parecer que os apresentadores estavam na mesma sala juntos e realmente interagindo uns com os outros. No evento, as imagens da arena foram sobrepostas nas “paredes”, os pisos movidos com estilo e os personagens ganhavam vida. Com esse espetáculo, o pedido de que a audiência fique sentada na frente da tela do computador por um dia inteiro não fica tanto exigente.
O que impressionou, foi como o sentimento de uma convenção real acabou sendo bem emulada – mesmo que por algumas horas, nas bolhas digitais. Seja qual parte do mundo você estivesse. As convenções não são feitas apenas de painéis e anúncios; eles são lugares para os fãs prestarem homenagem às suas propriedades favoritas, e algo parecido com isso estava lá. Entre todos os painéis estavam pequenas perguntas e respostas de fãs ao redor do mundo, fotos de cosplayers, pequenos esboços e sequências em que o artista superstar e editor da DC, Jim Lee, desenhava super-heróis e revisava as criações dos fãs.
Não é fácil organizar e produzir um evento deste porte, que faça sentido para um momento em que vivemos. Você pode conferir os principais anúncios na cobertura do UOD. Mas agora quero destacar e comentar alguns pontos do evento:
Pré-gravado
Concordo que “ao vivo” é a alma do evento físico, mas fazer isto quando o escopo é de informações que precisam ser gerenciadas para sair em certo horário, ou de pessoas com agendas diversas, pode ser um trabalho maior do que aparenta. Os vídeos pré-gravados, neste caso, não deixou a desejar porque focou exatamente na informação que prometia – além de poder expandir com ações especiais ou dublagens para países e dezenas de mais ideias. Se a Comic-Con @ Home tentou replicar o formato longo e mais próximo possível com o público, deixando o evento longo e um pouco tedioso, a DC Fandome mostrou que estudou sobre o tempo de atenção do usuário, e com quem está competindo naquele momento. No físico você tem o benefício da atenção da pessoa, no digital sua concorrência é gigante.
Agenda
O evento me surpreendeu como pensou (e revisou) bem sua agenda, e permitiu criar cada bloco como momento de descanso até a “grande próxima pauta”, e nada além do que dez ou quinze minutos de conteúdo entre uma informação importante e a próxima. Isto permitiu que a audiência não só acompanhasse quase todo o evento, deixando a janela de descanso até o próximo tema, mas criou respiro para a janela de social media permitindo que todos entrassem na conversa sobre o que estava acontecendo. E aqui destaco a parceria com o Twitter para as hashtags oficiais e com selos do evento.
Get hyped for #DCFanDome with new Twitter emojis including #Batman, #DCWonderWoman, #TheFlash, #Cyborg, #TheSandman, and so many more! Which ones can you find?
— DC (@DCOfficial)
3:00 PM • Aug 14, 2020
Timing
Algumas pessoas consideraram os painéis oficiais muito rápidos, média de vinte minutos cada. A distribuição de conteúdo com os mesmos personagens, que as vezes participavam de mais de um painel para criar espaçamento entre os grandes anúncios, contou com uma inteligência para não cansar o público, e não competir com demais mídias digitais ao redor do usuário.
Free
Se você vai criar um evento online e considerar uma cobrança, existem diversas dificuldades para se enfrentar durante o processo. Aqui o problema não será movimentação do público, banheiros disponíveis ou segurança física, mas a capacidade de fluxo, segurança digital das informações e criar uma experiência ímpar e sem igual para o usuário que vai cobrar cada segundo da transmissão. Pense em novas opções de receitas. DC Fandome, por exemplo, optou pelas parcerias globais -com diversas empresas – para vender produtos dos conteúdos principais do evento.
A iniciativa faz sentido, uma vez que qualquer evento do porte da DC Fandome pode pensar em diversos aspectos de receitas diversificados e novos, como, por exemplo, fechar parcerias futuras com canais de streaming ao redor do planeta – ou empresas de portais de conteúdo – para oferecer o evento, e trabalhar ao redor das possibilidades dos canais para gerar a receita necessária.
Cuidado com o Conteúdo
De certa maneira, existe uma permissão orgânica para cada pessoa compartilhar seus pensamentos sobre algum tópico fora do proposto, ou coligado ao tema. Mas qualquer fala que pode ser questionada seria tratada dentro do evento e – mesmo com divulgação externa – o conteúdo paralelo, que estiver acontecendo no mesmo tempo, permite um certo controle do impacto do acontecido.
Isto não existe no digital. Cuidar do conteúdo compartilhado, e das imagens dos envolvidos, se torna uma prioridade. Partindo do momento que fazer algo ao vivo pode causar impacto instantâneo nas redes, pode ser criado um cenário onde se torna impossível acompanhar ou continuar os anúncios.
E não é somente por causa das redes sociais “estarem chatas”, mas ponderar que a paciência limitada e erros de compreensão fazem parte de um momento “pandêmico” da sociedade que quer uma saída rápida para o que está acontecendo lá fora. Se você criar um evento que estará “dentro da casa” do usuário, precisa entender a situação do digital, e do mundo real, para garantir sempre a melhor experiência.
Por fim…
A migração de uma experiência deste porte demanda testes, e poderá ser usado no futuro para criar ou expandir mais e mais o conteúdo. Mas vai exigir um cuidado e aprendizado de todos envolvidos na criação dos eventos. Se, por um lado, abrir uma ala para fazer algo diferente em um evento físico pode ser algo rápido, espontâneo e positivo, fazer no digital significaria movimentar tecnologia e pessoas. É diferente.
O próximo evento para acompanhar é a Crunchyroll Expo no próximo dia quatro de setembro, que promete uma experiência um pouco similar na distribuição de conteúdo, mas diferente na tecnologia.
Get ready for 24 hours of V-CRX 2020 on September 4-6! Learn more about the schedule 👉 got.cr/vcrxschedulear…
— Crunchyroll Expo (@crunchyrollexpo)
7:00 PM • Aug 20, 2020
Embora não se compare à realidade que vem com uma convenção ao vivo, o esforço para criar essa atmosfera, ao menos pela DC, foi admirável. E você, o que achou?
Updater: Julio Moraes
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