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É difícil ser designer?

O que percebo e posso afirmar, antes de mais nada, é que qualquer ocupação de cunho criativo é pouco valorizada no mundo todo e isso não é novidade pra ninguém. Sendo mais específico, designers de qualquer linha sofrem com problemas que vão desde a falta de emprego ao desconhecimento da profissão por parte da mãe [risos].
Afinal, o que é design? O que faz um designer?
Nem todo mundo consegue responder isso, ou mesmo diferenciar design de designer. Ignorando neste momento todos os – outros – fatores negativos, polêmicas e clichês, vou expor a minha visão, sobre a dúvida-título.
Bom, há hoje duas grandes questões que percebo e que são, na *minha opinião*, o core desse possível drama. O primeiro problema: A própria desvalorização da área e escassez de boas oportunidades.
Aquela velha história que já conhecemos bem: “só contratamos com experiência”… mas, experiência só pode ser adquirida se antes o indivíduo for contratado e ter a chance de aprender, aplicar e evoluir, não é mesmo?!
O mercado (assim como em outros setores) exige muito, muitas vezes não paga bem e ainda é inevitável a busca por um perfil “completo” – em outras palavras, trabalhar por dois, três, profissionais e ganhar por um só.
Desde que iniciei minha jornada, vivencio situações absurdas e sempre ouço lamúrias dos profissionais criativos de todos os tipos, including me.
Um ótimo exemplo (e uma péssima realidade) é o famoso “flanelinha de layout”. Você o conhece? Sim, posso apostar que sim! É o sujeito que paga (ou não) pelo seu serviço e vai lhe ‘auxiliando’ no processo.
WHAT? É isso mesmo! Inicia-se uma gincana de contatos onde rola a troca de 98756454 emails e ligações do tipo “põe o logotipo mais pro centro”, “deixa o texto vermelho”, “um pouco mais pro lado”, ” isso, agora diminui um pouco”.
:/O que me intriga é tentar entender de onde veio tudo isso, o porquê desse excesso de participação dispensável e se há uma forma de impor limites dentro do bom senso e profissionalismo.
Reforçando que não falo de métodos de co-criação nem nada disso, e sim, do pitaco quase que ofensivo jobs mais simples do dia-a-dia de agências e estúdios desse mundão.
Enquanto isso, na mente de algum cliente hipotético, um diálogo interno surge: “Eu poderia fazer isso, parece simples… a máquina que faz, a pessoa só precisa ajeitar as coisas conforme eu disser”.
Mas porquê raios isso ocorre? Porque as pessoas não alteram o trabalho de outros profissionais e conosco essa desconfiança, muitas vezes sem motivo?
O cliente em 90% dos casos não faz ideia do que deveria ser o trabalho do designer. E é aí que lhe revelo o pior: provavelmente não é – só – culpa dele. Chegamos então ao…
Segundo e principal problema: falta de amor próprio especialização e ambição dos criativos.
Bem, infelizmente meus caros e minhas caras, a culpa pode ser nossa. É duro, mas é preciso admitir… E quando digo nós, falo do mercado, de mim, de você, do atendimento, do chefe, da ponte entre nós, os leiauteiros, e o cliente.
Mesmo que a parada não seja tão caótica, seria “mais fácil”, de qualquer forma, começarmos nós a mudança necessária de comportamento e postura, para que, consequentemente tudo resulte num maior reconhecimento do nosso setor. Isso mesmo, porque todo o imbróglio começa simplesmente pelo fato d’as pessoas ainda não saberem ao certo qual a importância do design e especialmente que, o designer pode e deve ter autonomia para desempenhar o seu papel.
E porque abrimos as pernas exceções e cedemos fácil?Três palavras pra você: bufunfa, money, din-din! Todos nós precisamos ganhar pelo que fazemos, e como somos um bem-desnecessário (será?), nos agarramos às oportunidades que surgem para garantir o nosso.
Ah! Nem vou explanar aqui a questão “sobrinhos X fibonacci-designers”, quem é bom ou ruim, quem merece ou não. Claro que tudo tem um começo e sem incentivo a coisa não vai (você já esteve lá no início da fila, eu sei). Mas isso é outra história, pois, ao meu ver, tem pra todo mundo. Tem cliente bom para profissional bom e igualmente o inverso. Fiquem tranquilos.
A questão é que se deve ser (ainda) mais profissional, mais organizado, buscar conhecimento constantemente, criar estratégias concisas de como apresentar seu trabalho – e a si mesmo – ao cliente e especialmente ser firme, ter o argumento certo na hora certa.E para que tudo isso ocorra, claro, você tem que saber o que está fazendo, ter domínio do seu trabalho, das ferramentas, saber o que se aplica e o que se elimina com base nas diretrizes e conceitos convenientes, feeling, enfim, SER, para depois TER. Capice?!Não quero que esse conteúdo pareça negativo (ultrapassado ele vai ficar, espero!), mas que sirva como um push para todos nós, com o intuito d’essa bagaça toda melhorar e que cada vez mais sejamos valorizados e compreendidos como as últimas bolachas do pacote que somos.
Você que está iniciando nesse universo não desanime, chegue com força, chegue com preparo. E você que já está nessa não perca o encanto, a paixão, lembre-se do que te motivou lá atrás. Independente de qualquer adversidade você provavelmente é sim um amante das artes e soluções de problemas (Claro, não vivemos uma utopia, qualquer job tem seus altos e baixos, pepinos diários, um tiquinho de stress).Dá pra ser bem sucedido, dá sim pra ganhar uma grana, ser reconhecido, basta fazer o que tem que ser feito. Agora, convenhamos, querer que sua mãe entenda o que você faz, já é demais…– “Meu filho? Ah, ele mexe com negócio de desenho no computador”.*escrito originalmente em 2016.
Updater: Ton Giacometti
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