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Enquanto você dormia um resto de satélite virou uma bola de fogo e caiu na Terra.

Bom, agora que você está segurando a sua geladeira nos braços (aguenta firme, o post é curto) vamos fazer uma suposição. Se você jogar ela pro alto (uau), provavelmente ela vai cair no dedão do seu pé. Mas se você arremessá-la com muita força, mas muita força mesmo, talvez ela não caia mais, se por acaso entrar em órbita (claro que além da altitude, ela também precisaria voar a uma velocidade absurda, mas não vamos estragar o texto com os detalhes). Bom, ela não cairia, pelo menos por um bom tempo.
Até que um belo dia, um indiano é misteriosamente atingido na cabeça por uma geladeira em chamas, vinda do espaço.

Foi mais ou menos isso o que aconteceu nessa emblemática sexta-feira 13, as 4:19h, enquanto você ainda dormia. Ufa, já foi, pode relaxar.
Não foi uma geladeira, mas quase. Foi o WT1190F, um trambolhão metálico mais ou menos do seu tamanho (1.5m ~ 2,2m), que colidiu com a Terra ao sul da India, no mar (êêê) do Sri Lanka.
Não se sabe ainda se era um pedaço de satélite ou um resto de um estágio de foguete.
O nome, com cara de senha forte, é o jeito que a comunidade científica se refere ao que normalmente chamamos de… ahn… lixo. Space Junk. A NASA prefere “Space Debris” (o que serve de deixa para a trilha do post).
TRILHA: COSMIK DEBRIS (Frank Zappa)
Mas no fim é lixo mesmo. E haja lixo.

Chuta aí quantos restos de satélites e pedaços de foguetes, que eu chamo de caminhões e fuscas retorcidos espaciais, existem CATALOGADOS, orbitando o planeta? Uns cem? Uns mil? Dez mil?
São mais de 500 mil objetos artificiais, 21.000 catalogados, e uns 8.500 maiores que uma bola de futebol. E como deu para perceber pelo WT1190F, os objetos maiores que 2 metros tem boas chances de chegar à superfície do planeta.
Visionário mesmo era o Asterix, que morria de medo que um dia o céu pudesse cair sobre as nossas cabeças.
Somos tão porcalhões que nosso descarte não se restringe ao planeta e já estamos conquistando o espaço enviando lixo. Se pensarmos em termos de quantidade, o nosso restos metálicos são os verdadeiros pioneiros nesse avanço. Um alienígena teria a mesma primeira impressão do planeta que tem uma pessoa que chega no aeroporto de Guarulhos em SP e vai conhecendo a cidade pela marginal do Tietê. Ainda bem que a atmosfera dissolve a maioria dos objetos, também igual ao Tietê.
Enfim, voltando ao WT1190F, o lado legal são os cálculos, que acabam virando um bolão entre os astrônomos para ver quem acerta com mais precisão o local e horário do impacto. Esse bolão começou no dia 18 de fevereiro de 2013, quando descobriram que o WT1190F ia voltar e, ao contrário da maioria, ia de fato alcançar o planeta. Já há algum tempo as apostas estavam reduzidas a um retângulo de poucos KMs quadrados.
Outra coisa boa é que o Sri Lanka fechou o tráfego aéreo desde ontem. Já imaginou o azar? Você dentro do avião e é atropelado por uma bola de fogo caindo do céu? Pouco provável, mas vai quê.

Esse foi tchibum. Têm mais 499.999 para ser bónc.
Updater: Wagner Brenner
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