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E os homens conquistam as bermudas!
Saiu na Folha, ontem: “Empresas aderem com força à moda das bermudas no trabalho”. Quatro rapazes, de uma grande agência de publicidade, dentre os quais, um é meu amigo, representam a “moda” na foto da matéria. A iniciativa do site BermudaSim, movimento fantástico que tenho acompanhado nos meus trabalhos de monitoramento de lifestyle, é o responsável pela mudança, segundo o texto do jornal, já no seu primeiro mês de atuação.
E nessa hora, eu gritei: Aleluia! Que mais empresas leiam esta matéria! Que a moda pegue! Que São Pedro continue fritando nossos miolos ao ponto que CEOS e RHs de grandes empresas tenham mais compaixão por seus funcionários (e os anjos dizem: Amém!).
Os homens pisaram na Lua, os homens dominaram o mundo. E num domingo de chuva eu e você comemoramos e compartilhamos com a nossa querida timeline a liberação do uso das bermudas pelo RH de uma grande agência.
Não quero ser irônica, eu juro. Mas estamos falando, em dois mil e quatorze, que os homens, que o gênero masculino, hegemônico na história deste planeta, está se em-po-de-ran-do de suas próprias possibilidades de vestimentas! Isso é lindo! Isso é o máximo! E isso é triste! É bizarramente triste!
Eu trabalho com “tendências” (aliás, este é o meu primeiro texto aqui! Muito prazer!), que, na verdade, eu prefiro chamá-las de “estudos de comportamento e de cultura embrionários” (explico melhor isso em outro post, prometo). E, de um ano para cá, já fiz 4 trabalhos ad hoc ( = estudos encomendados) sobre este “Novo Homem”.
E imagina você. Sim, você deve imaginar que um analista de tendências vai antecipar o novo, aquilo que ninguém vislumbrou, o que há de mais hight tech na uber galáxia, e chego eu, de vestidinho de brechó, e digo com a cara mais lavada do mundo que o “homem do futuro” é, enfim, aquele que conquista a própria humanidade. Que o “homem de vanguarda” é aquele que se sente confortável com a sua própria vulnerabilidade. E que o “homem mais ultra trendsetter do espaço” é aquele que descobre o verdadeiro sentido da “paternidade”.
Me diz: assim, quem é que me paga?
Pois bem, este “novo homem”, do qual eu me nego a colocar em qualquer desenho arquetípico e principalmente com o sufixo “sexual”, é fruto, como tudo, do momento e da maturidade social do nosso mundo. A gente vive em uma sociedade cada vez mais organizada de modo P2P, em rede, fortemente empoderada (você vai ver que eu adoro esta palavra), que já cortou o cordão umbilical com os fios, e que tem possibilidade, em escalas crescentes, de trabalhar em qualquer lugar do mundo, remotamente. Estamos empreendendo mais e largando nossas carteiras assinadas e, assim, dando esta volta danada na história, podemos retomar o mito do filho pródigo e voltarmos para a… CASA!
Outro dia vi um amigo, recém micro-empresário, que presta consultoria para o mercado de comunicação, postar em seu mural do Facebook uma foto levando a filha na escola com a legenda “PRICELESS!”. É esse, meu caro, o desenho mais aspiracional de homem. E, este homem, não tem vergonha de mostrar as canelas numa sala de reunião. Ele pode até vestir uma saia para sair com o filho na rua. Ele pode até também vestir uma saia porque está fazendo um calor dos diabos. E ele é “macho” pra bancar suas atitudes, viril ou delicademente, e independentemente da sua orientação sexual. Este homem causa o furor da galera da bancada dos direitos humanos (que estão tremendo na base e reagindo da forma mais violenta já vista). Este homem faz um site pra ajudar os outros homens a se organizar e alavancar o direito ao uso das bermudas em seus trabalhos. E o CEO e RH das empresas, que me leem agora, precisam se adaptar a este “cara” ou, se não, vão perde-lo para o primeiro notebook e conexão wireless que ele encontrar pela frente. Afinal de contas, este homem já sabe com quantos gigabites se faz um protótipo de uma canoa e que dá pra ficar ainda mais gato com a barba por fazer e com uma bermuda de alfaiataria. ;-)
E de lambuja, aqui vai um vídeo teaser do último trend briefing da The Future Laboratory (Laboratório de Tendências que tive o prazer de representar enquanto trabalhei na Voltage). Ele fala justamente sobre as mudanças nos paradigmas de gênero.
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