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IKEA parodia Apple no comercial do catálogo 2015

A IKEA cobriu as ruas de vários países do mundo essa semana com o lançamento do seu aguardado catálogo 2015.
É um fenômeno mercadológico-cultural: simultaneamente, todos os apartamentos, residências, em qualquer bairro, beco, ladeira, recebeu em mãos a revista com as principais peças à venda de agora até julho do ano que vem.
É fácil notar o apelo ao entrar em qualquer casa européia, norte-americana (menos México), boa parte do Oriente médio e Pacífico Asiático. Quase todos os móveis muito provavelmente terão sido comprados na IKEA.
Uma combinação de fatores explica o sucesso da loja, o principal sendo o preço muito, muito baixo, e o segundo o estilo moderno dos produtos.
Mas vamos ao vídeo bem-humorado que a Ikea produziu, uma paródia às produções revolucionárias de outra favorita internacional, a Apple:
Bom, e daí?
A gente reclama muito, no Brasil, do preço que pagamos pelas coisas.
Pagamos mais caro não apenas por móveis, mas por eletrodomésticos, carros, quase todos os tipos de produtos industrializados.
Quem leva a culpa é uma entidade abstrata chamada de “custo Brasil”.
Mas ignoramos a origem do tal custo Brasil.
Não, não são os impostos. Muito menos os direitos trabalhistas, o desperdício logístico, ou a falta de infraestrutura que, afinal, se repetem com maior ou menor grau em todos os países do mundo.
Também não é corrupção, seja ela pública ou privada.
Nosso capitalismo possui uma peça central a impulsionar o giro de todas as outras: o juro.
O Brasil é um país em que o modelo de compra privilegia a compra à prazo.
Não haveria mercado consumidor se não fossem as compras à prazo.
Ninguém compraria televisor, geladeira, carro, se não existisse o parcelamento.
Não haveria classe média sem o carnê das Casas Bahia ou o parcelamento do Mastercard.
E nosso país tem um dos juros mais altos do mundo.
Que estão embutidos no preço final do seu parcelamento.
Não apenas por que você parcelou a sua compra.
Mas porquê a loja que você entrou no shopping center parcelou quando comprou do fornecedor.
Que parcelou para pagar a matéria prima, os ensumos, ou emprestou do BNDES para pagar os chineses.
A financeirização da nossa economia é a causa das nossa produção, do nosso suor, das nossas riquezas irem parar nos bancos, com suas porcentagens aqui e ali.
Mas, se a política monetária do COPOM é a raíz dos preços altos, porque não abaixamos os juros?
Os preços não cairiam, como mágica?
Aí é que está o problema: somos viciados em juros.
Se o juro baixasse, correríamos feito loucos para comprar mais produtos, realizando, porém, novos financiamentos.
Compraríamos mais apartamentos, aparelhos, importados.
Só que, com todo mundo emprestando mais, a proucura por dinheiro faria o preço dele subir.
E o preço do dinheiro se chama juro.
Nosso Banco Central tentou, pouco tempo atrás, diminuir os juros do país. Mas a pressão na balança comercial quase provocou a volta da inflação.
É um equilíbrio delicado, milimétrico, em que cada milésimo após a vírgula é capaz de virar o jogo.
Talvez um dia teremos uma loja da IKEA ou da Apple em que todos comprem à vista, em dinheiro, sem que precisemos canalizar nossas compras por nenhuma instituição financeira por mais kms de milhagem.
Como já acontece em outros países.
Mas para chegar lá a mudança de comportamento começa por baixo, com uma pequena alteração na sua escolha ao realizar suas compras: dinheiro ou cartão?
Updater: Rafael Losso
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