Message in a Bottle

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Disclaimer 01: O final deste post tem uma audio em inglês. É fácil de entender, mas se você não tem inglês nenhum, pule o post porque você vai ficar boiando.

Disclaimer 02: Esse tal audio tem alguns minutos. Se você está com pressa, volte neste post depois.

O mais legal de escrever um post, é não saber onde ele vai parar. Quem vai ler o que você escreveu.

Você digita, publica e fica torcendo para que ele chegue na pessoa certa, na hora certa.

É mais legal que o número de likes.

Assim como estamos agora, você e eu, ligados por esse texto, uma cumplicidade de estarmos exatamente na mesma letra, simultaneamente, mesmo que eu já tenha escrito essas palavras há muito tempo.

Nessa barrinha abaixo do post, deveria existir também um botão com um ícone de flechinha no alvo, que mostrasse quantas vezes você acertou a pessoa certa.

Essa sensação, de não saber com quem se está falando, não é nova. Provavelmente surgiu junto com o primeiro escritor. Livros são assim.

Mas de todas as formas de “blind date” entre escritor e leitor, acho que a mais maluca é a mensagem na garrafa.

Sempre imagino um post, pelo menos os mais autorais, como uma mensagem numa garrafa, jogada no mar.

BOIANDO PELOS MARES

Quando alguém coloca uma mensagem dentro de uma garrafa e a atira no mar, sabe que as chances são poucas. Mas se alguém encontrá-la, o efeito se inverte e fica a sensação de ganhar na loteria, de ter sido sorteado em alguma coisa muito pouco provável. Tem a barreira geográfica, tem a barreira do tempo.

A primeira garrafa que se tem notícia foi jogada ao mar pelo filósofo grego Theophrastus, em 310 AC, para provar que o mediterrâneo era inundado pelo Atlântico.

Depois, garrafas começaram a ser jogadas no mar pelos navegadores, para tentar entender as correntes marítimas. Sabiam onde tinham sido lançadas e se alguém as encontrassem, saberiam onde tinham chegado. E assim, iam mapeando as correntes. Cristovão Colombo uma vez se viu dentro de uma grande tempestade e jogou um recado para a rainha de castela, achando que naufragaria. No fim, chegou são e salvo antes da garrafa.

Em 1914, o soldado britânico  Thomas Hughes jogou no mar uma garrafa de cerveja com uma carta para sua esposa. Morreu dois dias depois, em uma batalha na França. Em 1999, 85 anos depois, um pescador a encontrou no Rio Tâmisa e, apesar da esposa do soldado ter falecido há 20 anos, ela foi entregue a filha do casal, então com 86 anos de idade e morando na Nova Zelândia.

Também em 1914, um cientista da Escola de Navegação de Glasgow, na Escócia, jogou 1890 garrafinhas ao mar para pesquisar correntes. Uma dessas garrafas foi resgatada no ano passado e ganhou o registro no Guinness como a garrafa que ficou mais tempo boiando por aí: 98 anos.

A MELHOR HISTÓRIA

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Mas uma das histórias mais legais envolvendo garrafas com mensagens aconteceu no final da Segunda Guerra Mundial.

Era dezembro, e o governo americano estava fazendo tudo o possível para trazer milhares de soldados para casa antes do Natal, em grandes navios cargueiros chamados de “Liberty Ships”.

Infelizmente, uma grande tempestade atrasou a viagem e ficou evidente que passariam o Natal no mar.

Em um desses navios (o  SS James Ford Rhodes), estava um jovem de 21 anos chamado Frank Hayostek.

Sentido-se um pouco solitário, ficou olhando o mar e lembrou-se de um filme em que o personagem jogava uma garrafa no mar. Foi então até a enfermaria e achou uma garrafinha de aspirina vazia. Resolveuque faria o mesmo.

Oito meses depois a garrafa foi encontrada por uma jovem de 19 anos, Breda O’Sullivan.

O que aconteceu depois, você descobre ouvindo esse documentário, produzido especialmente para Rádio. Uma história incrível.

https://soundcloud.com/doc-on-one/message-in-a-bottle

Clique no link abaixo para ver as fotos enquanto escuta. E boa viagem.

Narrated and Produced by Peter Mulryan

Production Supervision by Liam O’Brien

First broadcast: August 4th 2012 @2pm

Updater: Wagner Brenner

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