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Miley Cyrus apronta altas confusões na Sessão da Tar....(Pera, é Black Mirror?)

Atenção, essa análise contém spoilers da quinta temporada de Black Mirror. Leia sob sua própria conta e risco ;)

Estreia de temporada é sempre assim; A ansiedade domina, a expectativa escala a mais alta montanha de nosso sistema nervoso, o dia se arrasta e a cada volta do ponteiro a TV parece ficar mais distante.

Até que chega o momento de promover aquele maravilhoso encontro entre a nádega e o sofá. O prato de comida e o colo. O dedo e o botão. E ai: PLAY.

Foi assim comigo; chegar em casa e correr de encontro ao Netflix para acompanhar os 3 novos episódios que constroem a quinta temporada de Black Mirror.  

A animação era enorme, o elenco recheado. Um vingador, Venom , e uma diva Pop. Que combinação! É, mas ficou na expectativa mesmo. Não vou focar muito nos dois primeiros episódios, que mesmo decepcionantes (para quem esperava um novo White Christmas) cumpriram seu papel crítico e inquietante, marca registrada da série.

Não, não vamos focar nesses dois episódios, vamos pular para o último. A season finale (por assim dizer). Aquele episódio que você deseja ficar cicatrizado para o resto da sua vida. Aquele que destrói famílias, casamentos, amizades. Aquele que tira o sono, provoca angústia, náusea… Tá, talvez tenha exagerado, mas você espera muito mais de um fechamento do que aquilo que foi entregue em Rachel, Jack and Ashley Too.

O plot gira em torno de uma garota (Rachel) que perdeu a mãe e encontra em sua “idola” Ashley (Miley) a coragem e positividade para continuar vivendo. Além de lutar contra a natural insegurança da puberdade, Rachel lida com um relacionamento estremecido junto à irmã mais velha Jack. Logo no começo do episódio, Ashley (que também vive um relacionamento difícil com sua tia / agente) anuncia em um talk show o lançamento de sua boneca – ops, perdão. Boneca não – O lançamento de sua própria I.A: Ashley Too.

A I.A é programada para servir de uma espécie de robô auto ajuda para adolescentes inseguras. Rachel, insegura que só e obcecada por Ashley logo se apossa do gadget e encontra em seu discurso vazio a motivação para participar de um show de talentos em sua nova escola. Que acaba com a garota caindo e cagando ainda mais na sua auto estima.

Ok, vamos lá, em vinte minutos do episódio conseguimos destacar as críticas que serão feitas:

  • Como deixamos nossa insegurança chegar a níveis absurdos e dependemos de medidas genéricas que eleve nossa moral para sair da cama e seguir o dia.

  • A forma como a indústria fonográfica escraviza artistas com contratos abusivos a plena vista sem que ninguém levante um dedo contra.

Maravilha, cenário colocado, personagens introduzidas, que comece a carnificina.

Não?

Ah, achei que era Black Mirror. Pause. Deixa eu ver se eu não troquei acidentalmente por um filme da Hanna Montana…Não, é Black Mirror. Estranho, mas daqui a pouco deve vir o Plot Twist. Play:

Pois é, fiquei o episódio inteiro esperando pelo momento da virada. Mas o que eu vi fechando a temporada de uma das melhores séries já criadas, foi algo que poderia ser exibido na Sessão da Tarde.

Acontece que o roteiro abusa de inúmeros clichés que não condizem com o histórico de BM: A garota insegura, o show de talentos que dá errado, a irmã rocker rebelde, o pai ausente, a estrela que quer seguir um novo caminho criativo. A tia malvada (como a malvada madrasta de Cinderella) que abusa do talento da sobrinha e a dopa para que siga toda e qualquer ordem da indústria. A luta entre o rosa inocente da pré adolescência VS o preto rebelde do amadurecimento… e acredite, por ai vai.

É nesse conflito entre Ashley e sua agente/tia que ao melhor estilo Disney a estrela POP acaba envenenada e cai em sono profundo, ou coma (só por que coma soa mais adulto e menos Branca de Neve, né?)

A partir desse momento, a consciência de Ashley é absorvida em sua totalidade pela bonec…ops, I.A pertencente a Rachel (tecnologia já vista e explorada em outros episódios). Ela, consciência de Ashley, avisa as meninas sobre o plano da sua tia malvada; que consiste em sugar músicas de seu subconsciente e comercializa-las através de um holograma da garota.

As duas irmãs se unem pelo ideal de ajudar a Diva Pop e se passando por dedetizadoras invadem a mansão onde Ashley está encarcerada. Tudo nessa cena grita infantilidade. (considerando que ainda estamos assistindo BM). Desde o carro que passa pelo portão da casa no último segundo antes de fechar, até a clássica distração do segurança trapalhão com o velho jargão: “preciso usar o banheiro” (mas na verdade vou lá acordar a menina que você está sendo muito bem pago para vigiar). Cacete! Depois de acordar Ashley temos até mesmo a incrível (e nunca usada) perseguição policial que levará até aonde o verdadeiro crime está acontecendo…MEU DEUS!

Meus olhos marejavam em descrença enquanto assistia aquilo. Ainda assim, eu tinha no âmago do meu ser, uma leve ponta de esperança que talvez a última frase do episódio fosse reconhecer todos os jargões e faria uma crítica a forma como a indústria do entretenimento recicla histórias e roteiros, e usa de velhas mecânicas para render alguns dólares extras.

Mas não, era apenas mais uma história que já foi contada milhares de vezes, trocando os nomes e ceps dos interlocutores. Final feliz para todos. Menos para quem não merece? Isso te parece Black Mirror?

Não me entenda mal, não sou crítico de cinema, e nem quero ser chato. Cada um pense como quiser e falei com pessoas que até gostaram do episódio. Mas como fã da série EU esperava ser esmurrado por uma crítica bem construída. Reconheço o problema que o episódio quis focar. Ninguém deve se sentir preso na busca do próprio sonho. A indústria e nós fãs tratamos muito mal nossos ídolos. Colocamos pessoas no topo para poder assistir tudo desmoronar depois. Acredito que o roteiro poderia ter explorado muito mais esse assunto sem parecer infantil, leve e e despretensioso. Que venha a sexta temporada e que as pessoas que colocam a chancela BM nas produções voltem a impressionar e nos assustar com nosso próprio comportamento.

Updater: Caio Brasil

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