Nizan Guanaes e o credo da marca

Nizan-Guanaes

Nizan Guanaes é uma das figuras mais controversas da propaganda nacional. Muitos odeiam, outros idolatram o baiano, mas uma coisa é certa: ele fez muito por nossa comunicação.

Seja pela criação de campanhas marcantes que ajudaram a publicidade brasileira, seja encabeçando projetos como o IG, seja levando o cliente para almoçar no McDonald’s quando o Brasil estava em plena crise dos anos 90, seja “causando” durante sua volta à DM9 no começo da década de 2000, o presidente do Grupo ABC deixou sua marca. Aliás, deixar marca é uma coisa que poucos no Brasil conhecem tão bem quanto Nizan.

O livro que conta um pouco da história do publicitário, “Enquanto eles choram, eu vendo lenços” (Agir), assinado pelo jornalista João Wady Cury, narra diversos momentos marcantes. Mas um deles merece destaque: o dia em que o publicitário criou um credo para uma marca, o Itaú.

Sabe quando você sai da agência para uma reunião com o desejo de deixar o cliente/prospect boquiaberto? Pois bem, num encontro com executivos e sócios do banco, no final de 2008, Nizan subiu ao palco de apresentação dizendo que queria “evangelizar” a proposta de valor. “Da mesma forma que existe o credo da Igreja Católica, eu, com minha enorme cara de pau, escrevi o Credo do Itaú”, disse na ocasião.

Eis abaixo a fala de Nizan (repetida, a pedido do publicitário, por todos os presentes):

“Eu sou o Itaú, o melhor banco brasileiro há dez anos consecutivos. O banco mais ético e sustentável da América Latina. Eu sou o Itaú BBA, o mais sofisticado banco de atacado que reúne corporate, investment bank, oferecendo uma solução total às grandes empresas. Eu sou um dos dois melhores private banks do país. Eu sou o Itaú Personnalité, que tem 90% de satisfação dos clientes e é o melhor banco de atendimento do mercado. Eu sou as agências do Itaú; 2.500 delas. Agências cinco estrelas que entregam ao cliente tarifas na média do mercado, um banco de alta conveniência para o cliente. Que tem a melhor performance de internet. O Bankline com mais de trezentas operações. O Itaú bankline é o iPhone dos bancos. Eu sou o Itaú. E como estou na esquina, na internet, no telefone, no celular, meus clientes pagam menos tarifas de táxi, ônibus, metrô ou combustível, estacionamento e ganham a coisa mais preciosa e insubstituível do mundo: tempo. Eu sou o Itaú. Eu sou o banco que fala há anos do uso consciente do crédito, muito antes do mundo sofrer esta crise de abuso do crédito. Eu sou o Itaú. E eu invisto em gestão de resultados na educação. Eu valorizo a cultura nacional, seja com uma das melhores coleções da Arte Contemporânea, criando o Instituto Itaú Cultural ou celebrando como este ano a Bossa Nova, que nossa bossa-nova é um exemplo de excelência do Brasil, assim como o Itaú é uma prova da excelência do Brasil também. Eu sou o Itaú, o banco que 25 anos atrás deu crédito a Nizan Guanaes, cresceu com ele e fez ele crescer. Que inspira empresas brasileiras como a empresa de Nizan, a pensarem longe e melhor. Eu sou o Itaú. Esta cabeça séria, esta emoção contida e este compromisso com o Brasil. Eu sou o Itaú. Eu sou o Itaú. E em tudo o que eu faço, que eu penso, que eu ajo, eu tenho que pensar e agradecer todos os dias. É o meu privilégio e o meu fardo. Pelo melhor custo-benefício para você, para o Brasil e para o acionista. Eu sou o Itaú.”E você? Já pensou no credo de sua marca?

Updater: Leonardo Araujo

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