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O ano mais bunda do Super Bowl?

“PLAY IT SAFE”
Não, não é uma frase do árbitro do jogo. É o mantra dos anunciantes desta 50ª edição do Super Bowl. Um desfile de testemunhais com gente famosa, animais e bebês cantando, tributos oportunistas e os mais baixos truques publicitários que atestam definitivamente a total falta de criatividade e originalidade do break mais caro do mundo. Claro, são divertidos. Mas poderiam ser mais.
Dá uma olhada nessa lista de comerciais com celebridades:
Como diria meu antigo dupla, Sérgio Vicente, é a categoria do “papa cagando”.
Quando faltava impacto, ele falava assim: “pô Wagnão: bota o papa cagando e pronto”.
Interromper é fácil. Mas e depois? Cadê residual, consumo, retenção de mensagem, posicionamento de marca e todas essas coisas (que sairam de moda)? É que nem o cachorro que corre atrás de carro. Se o carro pára, o cachorro não sabe o que fazer.
A propaganda do Super Bowl parece mesmo apropriada ao evento, com aqueles grandalhões dando voadoras para brecar seus alvos. Cada ano os anunciantes ficam mais abrutalhados nas voadoras pra cima dos telespectadores. Mas é só.
Mas o que será que aconteceu?Será que as agências estão menos criativas?Será que os anunciantes estão menos ousados?Será que os criativos estão menos competentes?Será que é isso o que temos pela frente como padrão publicitário?
Eu diria que é tudo isso e mais um pouco. Ano passado algumas marcas foram detonadas nas redes sociais pouco depois dos seus comerciais irem ao ar. Não tanto pelas peças em sí, mas provavelmente pela facilidade crescente das pessoas julgarem e se manifestarem em tempo real sobre qualquer coisa. Ironias paradoxais de um evento que consegue reunir um número enorme de expectadores, mas que ao contrário dos tempos passivos de outrora, essa turma agora compartilha suas impressões de bate-pronto e sem dó, como implacáveis jurados deste festival de propaganda que tem um jogo nos intervalos.
Paga-se bem, ganha-se um palcão, mas o que pode vir de tomate meu amigo, não é brincadeira. Cargos, carreiras e contas em jogo. É o jogo paralelo ao jogo do gramado.
Aliás, esse é o valor de acompanhar os comerciais do Super Bowl. É o Festival da vida real, com jurados da vida real e anunciantes com pragmatismo da vida real. É a engrenagem do consumo, sem fantasma, sem maquiagem. Uma mostra do que é a propaganda do dia-a-dia, anabolizada. Porque quando o juiz apita – e o jogo começa pra valer – aí é hora de cair na real e ir pro jogo. Pena que esse ano ficou tudo muito medroso, cheio de capacetes e ombreiras gigantes. Faltou a malemolência do drible. Coisa que nós já fomos craques, mas que também já perdemos faz tempo.
Updater: Wagner Brenner
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