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O bizarro momento em que o futuro... bzzz... dá uma passadinha pelo presente.


Vamos começar pela mais óbvia, a scooter motorizada em 1916.
Sim. Um objeto tão destoante que parece ter sido colocado alí por uma máquina do tempo ou por Photoshop. Mas não, é real. E se a foto já é estranha, imagine ao vivo, uma pranchinha deslizando com uma pessoa em cima, pelas ruas da Londres antiga, no meio dos cavalos e pedestres.
Só para deixar claro, era assim:

E aí vem a louca:

Brrrr…. pópópó…brrrpftfff….
Qualquer um que trabalhe com coisas ou ideias muito à frente do seu tempo precisa estar preparado – ou pelo menos ciente – deste fenômeno que meu filho descreveria taxativamente como “mico”. O que concordo, mas inclusive do avesso. Prefiro achar que os micados são exatamente todos os outros, que estavam a pé ou rebolando em cima de uma charrete puxada por cavalos.
O diferente chama a atenção e vira objeto de julgamento, claro. É o prego que destoa o que leva a martelada. Mas ultrapassando essa leitura mais óbvia, dá para perceber nitidamente que a tal diferença está beneficiando… o diferente.
Mas tem que saber segurar essa onda.
A “diferente” no caso é essa elegantíssima senhora chamada “Lady Florence Norman”.
A elegância é tanta, mas tanta, que quaaaase rouba a cena da scooter. O que ela empresta de pompa pra pranchinha não é brincadeira. Eu até achei que aquilo alí aos pés dela fosse uma maletinha, mas aí já seria demais. Se fosse hoje, ela certamente passaria desfilando em sua Mercedes, ou talvez algo mais moderno como uma bike moderníssima ou até naquela bandeja com rodas que veio para substituir o Segway.

Lady Florence era uma sufragista, uma mulher que brigava pelo sufrágio, que é o direito de votar em eleições políticas. Ganhou a scooter do marido milionário, que conseguiu fisgar. E a foto foi tirada quando ela se dirigia ao seu escritório, em uma fábrica. Sem dúvida, uma mulher de atitude. O que nos faz concluir que uma personalidade forte quase sempre anda de mãos dadas com a inovação, principalmente na etapa da difusão. Se o early adopter é curioso, o difusor é o poser.
Às vezes é meio assustador, como o cara que entrou falando sozinho no elevador em que eu estava, em 2001. Ele tinha um treco pendurado na orelha. E foi por pouco que eu não perguntei “desculpa, não entendi. O que?”.
Aaaah, o bizarro momento em que o futuro colide com o presente, só para provocar.
Enfim, eu sei que você tem outras coisas pra fazer e vou poupá-l@ desse meu hábito de ficar olhando por vários minutos uma mesma foto, mastigando cada mínimo detalhe. Mas essa em especial é uma boa de guardar. É inspiradora. Funciona como uma daquelas frases de efeito que faz a gente pensar, só que no formato foto.
Inovação, pensar diferente, ser diferente, aguentar os olhares, os julgamentos, fazer tudo isso com uma elegância absurda mesmo que seja em cima de uma praanchinha barulhenta abrindo caminho entre pedestres e charretes. E se transformar em uma evidência viva da passagem do tempo e do nosso progresso, nossa evolução. E isso vale para scooter, mas também para novas ideias. E até para gente ser o diferente perante nós mesmos.
Qual vai ser a sua scooter hoje?
E com que pose você vai por aí com ela?
PS: 3 anos depois da Lady Florence Norman, quem comprou uma scooter foi a Amelia Earhart (a primeira piloto de avião a cruzar o Atlântico):

Adorei a indicação na foto “MOTOR”. É… antes do seu tataravô… não existia nada motorizado… foi ontem. O mundo no lombo do cavalo era explorado em um raio máximo de 100km durante uma vida. Hoje você dorme dentro de uma avião e amanhece do outro lado do mundo.


Oh God.
Updater: Wagner Brenner
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