O dia que Starman virou Stargirl

Lembro exatamente do dia em que decidi: vou ser astronauta.

Eu tinha acabado de ler um gibi da Turma da Mônica, e me apaixonei pelo herói interplanetário criado pelo Mauricio de Sousa.

Ele viajava pelo espaço, mas volta e meia ele retornava à Terra para matar a saudade da família e dos amigos, que moravam numa cidadezinha do interior. Era tudo que eu queria.

Mas não durou nem cinco minutos essa grandiosa decisão.Alguém prontamente me avisou:

– Ei, não rola.– Por que?– Porque essa profissão é de menino.– Ah é! Vou pensar em outra coisa então.

Aceitei sem questionar.Astronauta não era para mim, alguém decidiu.E foi assim que me tornei publicitária.

Quer dizer, uma hora dessas era para eu estar num foguete rodando o espaço, ou estacionando na lua, mas estou aqui chorando enquanto assisto a nova propaganda de um banco.

Fazia muito tempo que não me emocionava ou me orgulhava por pertencer a esse mundo publicitário. Mas hoje aconteceu. Ufa…

Na nova fase da campanha “Leia para uma Criança”, que distribui livros infantis gratuitamente, o Itaú transformou um dos mais conhecidos clássicos de David Bowie “Starman” em “Stargirl”.

Com criação da DPZ&T, o filme mostra como um livro infantil serviu de grande inspiração para a primeira astronauta brasileira se apaixonar pela profissão.

Ou seja, a história da minha vida, exatamente como no gibi.

Um minuto de silêncio pela minha brilhante carreira de astronauta, interrompida aos sete anos de idade. E uma chuva de likes para essa ideia maravilhosa, que aborda não só a representatividade feminina, mas também a importância da leitura para as crianças. Estou digitando esse texto com os pés, pois com as mãos estou aplaudindo. Corram meninas, a NASA está esperando o currículo de vocês.

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