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O executivo descalço

Um vegetariano que veste roupas em couro. Um fumante que tem em seu carro o adesivo de uma campanha de combate ao câncer. Um executivo que em uma reunião importante, vai descalço.
Se você não viu lógica ou coerência nestes exemplos, fique calmo: você não está maluco.
Naturalmente, esperamos que as pessoas sustentem seus valores em todas as esferas da sua vida e que, ao menos, entendam o impacto de suas ações na imagem que gostariam de sustentar em sua comunidade. Parece básico, mas assim como elas, marcas também têm sofrido crises de identidade. Pela falta de posicionamento e personalidade, muitas escolhem o caminho mais fácil: agradar todo mundo.
Só que agradar todo mundo, significa agradar ninguém. Imagina aquele cara que, com medo de ofender alguém, abdica das suas vontades, engaveta seus sonhos, foge das polêmicas e, para concordar com todos, não tem opinião sobre nada, não defende nada, apenas deseja ser simpático com você. Esse é o cara “ morno”. Se ele participar do churrasco da firma tudo bem, se não aparecer, não faz falta. Consegue imaginar alguma marca assim?
Temos as marcas vegetarianas que comem carne, que também adoram defender uma causa, mas só se ela não der muito trabalho. Por que esse negócio de ficar sem comer carne mais de uma semana é difícil pra caramba. E, tão pior quanto, marcas que se dedicam, investem em pesquisa, constroem desdobramentos comerciais para viabilizar um produto ou serviço, estruturam suas equipes de venda, alinham a qualidade de produção com fornecedores, e na hora de se apresentarem ao público: cortam a verba. Como o executivo que comprou o terno Armani para um evento importante, e sem sobrar dinheiro para o sapato, partiu descalço na esperança de que ninguém perceberia.
Meu amigo, as pessoas notam.
Assim como nossa imagem pessoal, a construção de uma marca exige postura, consistência e coerência. Afinal, não somos apenas o que dizemos ser, mas também aquilo que fazemos. Sendo assim, uma marca não pode se apoiar em discursos vazios ou defender causas que legitimamente não acredita. Ela precisa de um propósito, algo que justifique sua existência e que a faça desempenhar um papel único na vida das pessoas.
As marcas que amamos são poucas, e nós as amamos exatamente por serem autênticas, humanas em sua essência, com coragem para defender suas crenças, mesmo que isso desagrade alguns. Elas refletem nossas imperfeições, compreendem nossos anseios, partilham da nossa angústia, nos inspiram e, por esses motivos, são capazes de dialogar conosco ao longo da vida.
Dessa maneira, elas nos representam em diversos momentos, reafirmam nossas escolhas e nossa própria personalidade, são instrumentos da nossa comunicação não verbal e impulsionam nossas atitudes. Então, ao trabalharmos para que as marcas sejam lembradas, notadas em meio a multidão, é bom prestarmos atenção ao que ela está vestindo, por que as churrascarias estão cheias de vegetarianos.
Lembre-se: as pessoas notam.
Updater: Jorge Nemoto
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