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O Pássaro Azul de Charles Bukowski

Domingo passado, o poeta Charles Bukowski teria feito 95 anos se estivesse vivo. Apesar de ter escrito romances e ensaios, eu particularmente vejo suas poesias como base de sua obra majoritariamente autobiográfica; tanto que o filósofo Jean-Paul Sartre o intitulou como o melhor poeta da América no século XX.
Quero falar sobre os ensinamentos do poeta que carrego na minha memória, sem precisar recorrer a orelhas de páginas ou grifos tremidos pelo balanço do metrô.
Hank (como era chamado pelos íntimos) mostrou que muitos caras legais foram parar embaixo da ponte por causa de uma mulher e que os dois melhores sons do mundo são o do salto da mulher chegando em sua casa e o salto dessa mesma mulher indo embora.
Ensinou que o amor é um cão dos diabos e que há sempre uma mulher pronta para salvar você de outra, e assim que o salva está pronta para destruí-lo.
Ele nos deixou a ideia de que é possível aguentar 15 anos trabalhando no Correio norte-americano, sem perder a verdadeira essência de artista e poeta.
Para poder bancar as bebidas e as apostas nas corridas de cavalo, ele se alimentava apenas com uma barra de chocolate por dia, além de não ver nenhuma diferença expressiva entre o funcionário que limpava os assentos do jóquei e um cientista atômico.
Bukowski ficou famoso com mais de 50 anos de idade, mas mesmo assim manteve o número do telefone da sua casa na lista. Escreveu poemas falando sobre os porquês manteve seu número lá. Mais no final de sua vida já preferia não atender as ligações para ouvir o que as pessoas falavam na secretária eletrônica, que segundo ele foi a maior invenção já feita.
Ao contrário do que muitos pensam, havia um pássaro azul no coração do poeta e sua história pode ser vista no documentário chamado “Born Into This”, título de um dos seus poemas.
Em um dos seus últimos escritos, ele descreve que a função do artista é fazer com que sua obra se torne imortal, e ainda nos provoca dizendo que se estamos lendo aquilo é porque ele conseguiu.
Apesar de sua irreproduzível autenticidade, vale tentar seguir um dos grandes conselhos do poeta: find what you love and let it kill you.
Updater: Tiago Souza
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