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O que sei sobre liderança e trabalho em equipe, aprendi em um final de semana

ou (Sobre a arte de ser bem-sucedido).
Cada vez tenho mais certeza que uma equipe é o reflexo de seus líderes. Sim, eles precisam existir. Seja o opressor Grande Irmão (1984, George Orwell), o inspirador Martin Luther King ou o ditador visionário Steve Jobs, eles fazem seus seguidores irem para o frente (ou para a direção que bem quiserem) fazendo com que todos compartilhem do mesmo sonho e comunguem dos mesmo propósitos.
Esta magia acontece quando o brilho nos olhos de um é tomado por todos. Quando o problema de um é o problema de todos. Mas para isto acontecer o propósito por trás de cada atitude e de cada gota de suor derramada, precisa ser bem claro e a “cultura institucional” promovida pelo líder deve emergir de dentro para fora até transbordar em todos os envolvidos. Bom, mas como eu aprendi na prática tudo isso em apenas três dias? Vou contar.
Consumo, desigualdade social e violência urbana são os temas que mais tem chamado minha atenção nos últimos meses. Por este motivo e cansado de reclamar de braços cruzados, resolvi vasculhar a internet e procurar meios onde eu pudesse contribuir com a transformação que gostaria de ver no mundo. Foi assim que conheci a TETO e aprendi uma enorme lição sobre liderança e trabalho em equipe que vou levar para minha vida.
Tinha tudo para ser uma sexta-feira qualquer caso eu não tivesse topado o desafio de ir ajudar em uma construção promovida pela TETO numa comunidade aqui do Rio de Janeiro. A ong deixa claro que “TETO é mais que casa” e trabalha junto as comunidades precárias para “contribuir com o desenvolvimento comunitário local, promovendo a conscientização para a ação social e, consequentemente, a diminuição da pobreza”. Chegando ao local marcado descobri que fui designado para trabalhar em Jardim Gramacho, um lixão desativado há 3 anos onde vivem aproximadamente 20 mil pessoas (UOL) sem saneamento básico e totalmente abandonadas pelo Estado.

Já em Gramacho descobri que iria ajudar na construção da casa emergencial da família da Juliana, uma menina de 17 anos, casada com o Luiz Felipe de 24 e mãe da Julinha e grávida de um bebezinho de 4 meses. No sábado acordamos às 5 horas da manhã, fomos para o terreno da família e aí que começou minha aula prática de empreendedorismo com foco em trabalho em equipe e liderança bem sucedida.
Éramos 10 jovens, não mais velhos que 25 anos, incluindo os dois líderes, Hanna e Luis, que tocaram a obra e nos ensinaram cada passo para replicarmos nas nossas próximas construções. E aqui já adiantei a primeira característica de um líder bem-sucedido: o ensinamento. Para ser bem sucedido (sem hífen), o líder precisa ensinar os seus sucessores com maestria, dedicação e olho no olho. Não há como um líder ser bem sucedido, no sentido mais denotativo do termo, se ele não é humilde suficiente para sentar no chão e explicar o passo-a-passo de como cada tarefa deve ser realizada. Para ser bem-sucedido o líder deve ser, com perdão do trocadilho, bem sucedido e para isto tem o dever de preparar bem a sua sucessão.
Outra característica também já citei: olho no olho. Esta é a principal diferença entre um líder e um chefe. O chefe é aquele que manda enquanto pode e seus subordinados obedecem porque têm juízo. Já o líder chega junto, motiva e caminha junto, mas anda sempre na frente enfrentando primeiro os obstáculos. A terceira e, para mim, a principal característica de um líder é o brilho nos olhos. Com os olhos firmes no propósito da empresa ou instituição, eles motivam toda a equipe a trabalhar com total dedicação por um mesmo ideal.
Então é isso, voltamos ao princípio. Cada vez tenho mais certeza que uma equipe é o reflexo de seus líderes. Um líder morno terá uma equipe morna, um líder pedante deverá ter uma equipe desmotivada e um líder com brilho nos olhos terá mais chance de ter uma equipe motivada. Mês passado foi divulgada uma pesquisa que afirmava que a maioria das pessoas pede demissão dos seus próprios chefes e não das empresas. Talvez por serem chefes e não líderes.
Foram três dias de intenso trabalho em equipe onde cada um foi essencial para o todo. O propósito da TETO foi transmitido nos olhos e nas palavras dos nossos líderes e se tornaram os nossos sonhos também. Se você também sente o chamado a viver esta experiência acesse http://www.techo.org/paises/brasil/ e procure o TETO mais próximo à sua cidade.
*ALAN BRUNO é designer e empreendedor. Gosta de um bom papo de bar, é filósofo de boteco e trabalha arduamente em sua pesquisa para descobrir a pergunta para a questão fundamental sobre a vida, do universo e tudo mais.
Updater: Alan Bruno
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