O que vi em Quarteto Fantástico

Estou velho.

E, enquanto os dias passam apressados, os ciclos da cultura-pop encurtam-se cada vez mais. Ou menos.

Já um reboot de “Quarteto Fantástico”?Mais um filme de super-heróis?

É, mas se olharmos bem, vamos entender que não é bem isso. O novo filme é uma escolha arriscada da FOX e que trará consquências. Mas, aqui, não vamos levar tudo tão a sério, né?

O “Quarteto” é a primeira “equipe família” da Marvel. E estabeleceu muito do que conhecemos dos quadrinhos das últimas décadas. Criados em 1960, devem os seus poderes à exposição a radiação cósmica durante uma viagem espacial. Nos quadrinhos mais atuais, essa origem já havia sido mudada e modernizada. O filme novo incorpora muito bem esses novos elementos. Aqui, as anomalias dão-se graças a um acidente durante uma viagem interdimensional.

1Sue

Como tentar entender o que tentaram fazer?

Não é um filme de super-heróis é um filme de ficção científica, bem diferente, até. Ainda bem. A maior parte acontece dentro do laboratório. A vontade aqui é resgatar relações entre os personagens. Relações verdadeiras. Simples até. E que, até certo ponto do filme, são muito bem estabelecidas. Alguns diálogos e motivações são bem bons. O senso de humor, marca registrada no grupo, é bem inteligente e na medida certa (isso é tão fácil de errarem, né?). E o elenco é extremamente bem escolhido.

A escolha por contar a história pela ótica de Reed Richards é um belo acerto. Aliás, o personagem e a atuação de Miles Teller são o que tem de melhor no filme. A angustia pelo o que ele fez com o amigo é um clássico. A Mulher-Invisível (Kate Mara) também merece um abraço e um beijo, sempre. O Tocha-Humana, não é exagerado como já vimos e O Coisa está, corretamente, transtornado por dentro e por fora.

Mas o filme divide.

É ótimo por não precisar e não querer dar muitas explicações. Fica claro a amizade entre Reed e Ben, a relação dos irmãos (Sue Storm é adotada), a paixão de Victor Von Doom por Sue, o pai como protetor e mentor geral, mas peca quando dá uns pulos temporais estranhos, sem mostrar momentos importantes.

Isso foi o que mais me incomodou: A pressa. Em um determinado momento, tudo acontece sem muito cuidado, sem muita profundidade, correndo o risco de deixar o filme raso.

1BEN-

A trama é conhecida: um jovem cientista usa a sua genialidade para construir uma máquina. Cientistas mais preparados e com ligações ao governo recrutam o jovem promissor, para um laboratório magnífico, e junto com os novos amigos desvendam segredos para estabelecer viagens para outra realidade/mundo/dimensão em busca de respostas e energia para o nosso planeta.

Em um desses passeios, sofrem um acidente que muda as suas composições físicas.

Isso também é bacana, não tratam as condições como super-poderes fantásticos e sim como uma anomalia perigosa e que precisam reverter (O Coisa, perturbado, dá até pena mesmo).

1COISA-

O filme é recheado com bons dialógos. E boas explicações sobre a relação dos cientistas com o governo.

Chega então, o melhor do filme: Durante o acidente e a descoberta dos “poderes”, a ficção científica ganha surpreendentes toques de horror. O peso das escolhas e as consequências do que Reed Richards criou/fez ficam claras e isso é a principal motivação para o segundo ato do filme. Pena, que não dão a atenção possível e necessária para tudo isso.

Como escrevi: fica tudo apressado.

A motivação do vilão principal, que foi mal caracterizado (achei feio mesmo), não tem o peso e imponência que merece. É um dos vilões mais “bad-ass” da Marvel. A origem é boa. A cena em que volta para a Terra, é boa e violenta na medida certa. Mas ele não é uma ameaça real. O domínio em seu novo lar e o que ele quer, são bobos.

1TORCH

Os problemas conhecidos da produção: pouca verba, pouco tempo, poucos recursos, troca de roteiro e etc… prejudicam o ato final do filme, em que o Quarteto deve trabalhar juntos. Mais uma vez, é tudo muito apressado e sem suspensa. A trilha sonora merecia um cuidado mais empolgante, mas somos presenteados com boas cenas clássicas dos quadrinhos. A necessidade clara de cenas de ações com uma interação da nova “família” merecia mais cuidado, mas o filme caminho para boas sequências (tomara que façam).

Mesmo com tantas ressalvas eu achei bem divertido, corajoso e ousado.

1Reed-

Updater: Gustavo Giglio

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