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Phillip Long: o cantor folk que subverteu o papel do artista na era da urgência

Ah… a internet e sua urgência! Ao mesmo tempo em que abre espaço para o público, cobra frequência de todos os criadores de conteúdo que querem se manter no mercado. Com isso, torna-se necessário achar novas formas de se mostrar ao público, manter-se nos holofotes e na mente dos fãs.
Phillip Long, um jovem “folker” de Araras, interior de São Paulo, queria mostrar suas canções sentimentais para o mundo, gravando cada música que compôs e lançando-as disco após disco. Com a abundância dos homestudios e arranjos assinados pelo produtor Eduardo Kusdra, os álbuns foram saindo rápido, com alta qualidade, indo direto do estúdio para o ouvido dos fãs. Tudo sem muito investimento e focado somente em produzir e mostrar.
Foram nove álbuns em quatro anos, quatro títulos só em 2012. Fora as versões em coletâneas de homenagem. Sempre havia um grande lançamento, novidades para degustação por mais algumas semanas e materiais diferentes para trabalho e apreciação. Os fãs passaram a ter que segui-lo fielmente para saber se havia algo novo e inesperado, subvertendo a ordem de que ele teria que criar conteúdo para os fãs, e fazendo com que seu público tenha que mostrar interesse nas novidades que ele fazia para não perder o fio da meada.

A proatividade trouxe fidelização, expandiu o alcance das redes e a quantidade material chamou atenção das mídias, músicos e produtores. O baterista do Frank Zappa, o baixista do Steve Vai e novidades brasileiras como Phill Veras e Laura Wrona logo se juntaram a ele em participações especiais. Os poucos shows que fez (por conta de sua ocupação em estúdio) acabavam sempre lotados e hoje Phillip Long tem sua carreira e turnês financiadas pelo selo Grama Records, se tornando uma espécie de mito do underground musical brasileiro.
O mais legal aqui é que o caso do Phillip Long não foi pensado, não teve uma grande estratégia envolvida ou agência de publicidade. Também não é uma ação inovadora, mas uma forma diferente de olhar para a internet e produzir conteúdo em velocidade, falando diretamente com a necessidade do seu público. Phillip foi entendendo aos poucos o pequeno monstro que criou, agregando ao seu trabalho a consciência das necessidades de seus ouvintes, assim conseguindo fazer seu pouco tempo de carreira parecerem 20 anos de estrada.
Agora estruturado ele não lança mais tantos discos como antes, ‘apenas’ um por ano, mas entretém seu público de outras formas nas redes sociais, seja partilhando trechos de canções novas, versões de artistas que o influenciam ou consagrados, clipes, pensamentos ou trilhas isoladas de instrumentos de suas músicas. Já que ninguém consegue definir o mercado musical dentro da internet nos dias de hoje, pensar ao menos de forma diferente já traz uma sobrevida para quem vive da urgência da web.
Zeitgeist, seu mais recente disco é focado nas mazelas vividas pelos fãs do artista, e está disponível para download gratuito no site oficial do cantor, streaming em todas as plataformas digitais e em versão física nas banquinhas dos shows e na loja do músico.
Updater: Maísa Cachos
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