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Por um amor offline

Antes dos aplicativos, diversos sites de relacionamentos já uniam pessoas que estavam dispostas a pagar uma mensalidade para conhecer alguém, seja para uma transa ou para um casamento.
Do bate-papo UOL ao whatsapp, poucas coisas mudaram no que diz respeito à covardia. No começo, as pessoas costumam usar o digital para mentir e no término costumam usar para falar a verdade, mas nunca enfrentando o parceiro olho a olho.
O “amor fati” ou “amor ao destino” nietzschiano parece se perder quando as relações são construídas em sites e aplicativos. Esse destino de cruzar com alguém na sala de aula ou na livraria e ser tomado por um suor gelado foi substituído pela premeditação de filtros on-line que te sugerem a localidade, religião, idade e vícios para encontrar a pessoa “ideal” que daqui um tempo enviará um “tchau” por whatsapp.
Se eu quero uma namorada evangélica, existe um site, se eu quiser uma sadomasoquista, eu tenho outro, se eu quiser duas ao mesmo tempo, a opção também existe. As afinidades são interessantes no amor, mas o premeditado é mais broxante que a sunga do Borat. O que dá tesão é enfrentar o acaso e as descobertas.
Claro, não desacredito que tenham casais que se amam e se conheceram no Tinder, mas parece que toda essa transformação no campo do amor está fazendo com que menos pessoas se interajam nos bares. O sujeito parece preferir entrar no “happn”, aplicativo que mostra as pessoas que você cruzou durante o dia, ao iniciar uma conversa real ou correr um risco de ser ignorado. No digital, as máscaras são mais sólidas e as relações são mais líquidas, pois o botão “deletar” é a salvação de não enfrentar a vergonha da reprovação diante do mundo, que na maioria das vezes não está olhando para você, diferente do que os narcisistas (e covardes) contemporâneos acreditam.
Updater: Tiago Souza
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