Quando eu morrer, exclua meu Facebook

Falar sobre morte não é uma coisa fácil.

Segundo Ernest Becker, autor do livro “A negação da morte”, de todas as inquietações que movem o ser humano, a mais forte e determinante é o medo da morte.

Nossa era digital traz discussões de quem somos e agimos dentro e fora das redes sociais, como uma forma de vida dupla que vivemos ao criar uma conta em uma dessas redes. Quem nunca entrou na conta do Facebook de alguém que se foi e deparou com uma sensação estranha entre a morte do mundo real e uma espécie de vida dentro da rede?

Ver o perfil de algum familiar, amigo ou até mesmo de um estranho que não está mais entre nós deixa uma sensação ilusória de que as mensagens ali deixadas serão lidas pelo falecido num plano transcendental. Como se ele(a) ainda tivesse acesso àquele perfil e visse quantas pessoas estão tocadas com o inevitável.

No mundo contemporâneo narcísico, sabemos que muitos se agradam com a ideia da tristeza alheia e a massa de mensagens “recebidas” mesmo depois de morto. Porém, há muitos como eu, que ao imaginar a continuidade da própria vida on-line, sofre um certo terror ao pensar que as pessoas usarão a ferramenta quase que como uma mesa espírita.

Existem dois caminhos para resolver essas questões: o primeiro e mais rápido, é deixar a senha com alguém de confiança. O segundo, no caso da morte de algum familiar, é pedir ao Facebook uma eutanásia através desse link. Nele você deverá informar o grau de parentesco, anexar o atestado de óbito e optar entre excluir a conta ou torná-la como um memorial.

Aquilo que é líquido e certo para nós no plano real também deve ser no digital. Se quiser deixar algum legado, há formas muito mais sofisticadas do que manter uma conta no Facebook.

Updater: Tiago Souza

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