Seja anti-frágil para ser digital

Hoje, todos falam de transformação digital. Mas, mais do que uma buzzword, isso é uma mudança enorme de modelos de pensamento, uma quebra em paradigmas solidificados com estacas gigantes presas ao solo. Lendo Taleb, um espetacular ensaísta, estatístico, e analista de riscos líbano-americano, autor de livros como A Lógica do Cisne Negro e Antifrágil, uma coisa fica clara para mim: o porque agências nativas digitais tem uma vantagem nesse novo cenário do mercado. Nós nascemos antifrágeis. Sempre em um território incerto, com a mudança como nosso maior combustível de crescimento e de inovação. Antifrágil é o termo da tese de Nassim Nicholas Taleb que corresponde ao oposto de frágil. Segundo ele, frágil são sistemas, empresas ou pessoas que não tem flexibilidade e diante do caos ou do inesperado tendem a quebrar. Elas fogem da mudança, temem o imprevisível e a inovação. O oposto do frágil, ao invés do robusto (como você deve ter pensado) é um conceito não existente na literatura mas que faz todo o sentido nos dias que vivemos. O Antifrágil não só sobrevive ao caos, a mudança, ao inesperado e imprevisível como se alimenta dele. A falta de certezas faz com que se mova, que se inove e se fortaleça. Nativos digitais nasceram antifrágeis.

Lembro de uma conversa que tive com o CEO de uma grande agência tradicional onde ele se mostrou extremamente curioso como nós conseguíamos sobreviver sendo apenas digitais. Para ele, o departamento digital (primeiro erro que já existia, ter um departamento digital) era um prejuízo que ele arcava para falar que estava inovando.

Mas isso fica claro com o olhar do antifrágil. Ele era frágil demais. A sua dependência de modelos enraizados por anos de acordos de BV com grandes veículos e a mídia tradicional fazia com que toda sua operação fosse alérgica a mudanças.

Hoje vemos uma corrida maluca pelo digital. Anos e anos perdidos gritando para serem compensados em uma espécie de supletivo digital. Mas enquanto as empresas não deixarem sua fragilidade de lado, se abrindo realmente ao novo, ao risco e, por que não ao caos, o digital não irá ser natural e o sucesso não será completo. Porque o que irá separar empresas que não sobreviverão, empresas que apenas sobreviverão e empresas que avançarão, é um componente antigo, que nos acompanha desde a Idade da Pedra, a exposição ao incerto, à mudança, ao caos, e a consequente evolução que isso traz. Precisamos entender o poder do fracasso e a magia de aceitar o descontrole como ingredientes de crescimento. Sua marca não é mais só sua, suas decisões não são só suas, elas são criadas do incerto espaço das redes sociais. O medo de falhar te paralisa, não te dá informações suficientes para aprimorar, crescer. A famosa ousadia que enxergamos em listados na Forbes, em cases vencedores, ela vem da antifragilidade em sua cultura.

Por mais estranho que essa frase possa parecer: aproveite e abrace a crise. Abrace a incerteza e a falta de plano que nos foram impostas para se tornar anti-frágil. Esse é o verdadeiro DNA da transformação digital.

Updater: Vitor Elman

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