Sobre: Palcos e Teatros

(por César Augusto Pedroso)

[dropcap]T[/dropcap]odos possuímos um belo teatro, daqueles lugares fantásticos, carregados de surpresas, tanto para nós proprietários, quanto para nossos ilustres visitantes.É claro que, assim como em todos os lugares, existem pessoas que conhecem nosso teatro muito bem, isso é natural, pois essas nos visitam com mais frequência. Conhecem as melhores poltronas para se observar a peça, mas também conhecem as que estão rasgadas e sujas.Algumas pessoas são visitantes variáveis, muitos até mesmo só estão de passagem. Nestes casos acabamos por mostrar apenas as melhores partes do espetáculo, isso quando não tentamos mostrar passos que não estão em nossa dança, apenas para impressionar os novos visitantes. Você tem mantido a originalidade?Existe um problema muito sério com alguns donos de teatros. Conformados com sua apresentação, tão repetida que já se tornou mecânica, e com seu estabelecimento construído em pilares frágeis, estes donos insensatos esquecem de que é preciso estar em constante evolução e reforma. Dessa forma, seu teatro acaba se tornando algo que não gera atração aos olhos do público que, consequentemente, se afasta do lugar. Com exceção de outros conformados, estes com o espetáculo. Assim, apesar de estarem presentes, acabam dormindo durante todo, ou maior parte, do show. O resultado: Um teatro velho, feio, empoeirado, com um espetáculo pífio (nem merecedor de assim ser chamado) e com poucos e leigos visitantes.Muitos, quando se dão conta de que já estão fora das listas de atrações, acabam por se destruir de uma vez. Fecham as portas e queimam o estabelecimento na tentativa de apagar as tristes lembranças. Mas, eles ainda são possuidores do talento, só os falta aperfeiçoar com novas falas, danças e roteiros.Felizes são os que se dão conta e voltam a todo o vapor. Mas, infelizmente, na maioria das vezes, não é isso que acontece. As talentosas pessoas se trancam e passam a se esconder da sociedade. Como os grandes cantores que, por sua falta de ousadia e coragem, privam o seu talento a si mesmos quanto cantam no chuveiro. Ao menos pensam dessa forma.Meu anseio é de que possamos ser aquele vizinho próximo, que ouve, mesmo de sua casa, a brilhante voz escondida nas paredes da frustração. Não vamos nos calar! Ao invés disso, que possamos correr depressa e avisar todas as pessoas. Após isso, vamos até a casa do talentoso vizinho e o animemos, segurando em suas mãos, pra que, o mais breve possível, possamos vê-lo reinaugurando o seu teatro. Teatro lindo e lotado de um público variado e apaixonado pela beleza da nossa mente e pelo magnetismo de nosso espetáculo.

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