Taí?

Próximo dos distantes, distante dos próximos.

Você já deve ter lido sobre – ou pior – vivenciado, esse típico comportamento relacionado às redes sociais.

Aqueles amigos mais distantes ficaram bem mais próximos e acessíveis, mas as custas de um paradoxal distanciamento e isolamento dos que estão mais próximos, como a família, que ainda conta com sua presença física mas não mais com a sua atenção.

Mas nenhuma história ilustra melhor essa situação do que aconteceu com Yvette Vickers, uma ex-playmate que estrelou alguns filmes-b famosos na década de 60 como “Attack of the 50-Foot Woman” and “Attack of the Giant Leeches”.

No ano passado, sua vizinha Susan Savage, ficou intrigada com a quantidade de cartas que amarelavam na porta ao lado. No começo imaginou que Yvette tivesse viajado de férias, mas depois de muito tempo resolveu descobrir o que estava acontecendo.

Por uma pequena janela quebrada, conseguiu destravar a porta e entrar.

Precisou empurrar com força porque a sala estava repleta de caixas com cartas de fãs.

Ao subir a escada, chegou ao quarto escuro de sua vizinha.O aquecedor estava ligado, e um computador também, iluminando o ambiente com uma luz fraquinha.

No chão, o corpo de Yvette Vickers… mumificado.

Uma autópsia revelaria mais tarde que falecera um ano antes, aos 82, de um enfarte fulminante. O histórico recuperado no browser do computador mostrou que nos anos anteriores Yvette se comunicava basicamente com seus fãs.

Administrava sua solidão, online.Mas foi preciso mais de um ano inteiro para que alguém descobrisse que havia morrido.

Não sei ainda o que pensar sobre esse fenômeno comportamental, a não ser a certeza de ser um fato.

Certamente é muito bom ter os amigos mais pertos para compartilhar a vida, mas o preço de abrir mão de uma convivência real pode ser muito alto.

Não sou contra nem a favor das redes sociais, mas cada vez que entro lá no Facebook me dá um certo bololó no estômago.

Talvez a questão tenha a ver mais com o exagero, com as carências, com a parte comportamental (que eu chamo de amor digital) do que com a ferramenta em sí. E também tem gente que vive junto anos e nunca deixa de ser um estranho.Enfim, assunto pra mastigar bastante antes de engolir.

Dramatização do post:Coloque seu dedo indicador bem na sua frente, o mais distante possível.Esse é seu amigo social. Bem na sua frente, fácil de enxergar.Agora coloque o dedo no seu rosto, no espaço entre os seus olhos.Esse é seu amigo próximo. Sua família.

Pertinho, pertinho.

E… invisível.

Tá vendo? Bololó no estômago.

Updater: Wagner Brenner

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