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Um cemitério que faz social media

“Quero ser enterrado aqui”.
A frase estampada no campo de avaliações do Facebook da página do Cemitério Jardim da Ressurreição, localizado em Teresina, Piauí, resume o sentimento de boa parte dos fãs do local na rede social. A avaliação, aliás, faz parte das mais de 50 postadas na fanpage. A maioria positiva, dando 4,9 de 5 estrelas para o cemitério.
Mas por que um cemitério anda fazendo tanto sucesso na maior rede social do mundo?
Apostando no humor para atrair likes e engajar sua audiência, a página do cemitério Jardim da Ressurreição assusta à primeira vista. Afinal, não é o tipo de lugar que um consumidor fica ansioso para fazer negócio. Por trás das postagens engraçadinhas, é claro, há um planejamento de construção de marca para um público que, aparentemente, não vai precisar dos serviços do local tão cedo.
Post sobre escolhas. “Você pode ser o que quiser!”
Conversamos com Eudes Jr., diretor da CJFlash, agência piauiense responsável pela comunicação do local. Ele explica que tudo começou como um case experimental. A ideia principal era aumentar a quantidade de seguidores e engajamento utilizando conteúdo.
“Comparamos os resultados dos posts institucionais com os mais descontraídos. Já que o assunto cemitério não desperta interesse em ninguém, o humor seria uma forma de desmistificar o tema e despertar interesse na página. Inicialmente os posts eram variados e fazendo a análise resolvemos seguir a linha do que tinha um feed mais positivo”
Questionado se não há medo de magoar alguém que perdeu um ente querido que descansa no cemitério, Eudes assume que existe o risco. “No entanto, entendemos que a presença do Jardim na internet não pode retratar o mesmo sentimento do [mundo] real (tristeza, dor…), a linguagem adotada para outras mídias convencionais é bem tradicional e segue a linha de um cemitério. Também muitos dos clientes reais do Jardim não são atingidos pelas redes sociais, até o momento não recebemos nenhuma queixa de desrespeito direto de um cliente. Acreditamos que não iremos”, afirma.
Post feito quando a Suprema Corte americana aprovou o casamento gay.
Mas aí vem a pergunta clássica de qualquer cliente: dá resultado? Será que, por exemplo, a venda de jazigos aumentou com os posts engraçados? Segundo Eudes, a repercussão aconteceu primeiro em outros estados e depois “voltou” para o Piauí. O cemitério crê em resultados futuros. “É muito difícil você converter qualquer mídia em venda de jazigos, pois ninguém tem desejo de ter um”, explica. “Ainda existe a cultura de deixar sempre apenas para quando precisar. Mas acreditamos estar fortalecendo a marca e quando houver a necessidade provavelmente seremos lembrados”, completa o diretor.
A relação com o cliente é madura. Atualmente, a maioria das peças são apresentadas apenas para a direção da agência e já são postadas, algo salutar nas mídias sociais, um meio em que a maioria dos assuntos é efêmera.
Segundo Eudes, a famosa “zoeira” é parte fundamental da estratégia. “Muita gente ainda não aceitou isso. Um mundo com mais risos é melhor”, afirma. Para o diretor, assimilar humor ao produto é muito benéfico, causa uma boa lembrança.
Post do Dia do Amigo.
Apesar do despojamento, marketing digital não sai de graça e gerir uma página no Facebook demanda profissionais competentes. Um marketing digital eficiente, analisa Eudes, necessita de profissionais estratégicos (a agência), além do envolvimento do cliente e colaboradores.
Há outros “cases” que informam com humor nas mídias sociais. O caso mais famoso, decerto, é o da Prefeitura de Curitiba. Tais estratégias dividem opiniões. Há críticas e há os defensores.
E você, o que acha? Deixe seu comentário.
Updater: Leonardo Araujo
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