- Update or Die!
- Posts
- UpdateMe! Com Flavio Samelo, Jayelle Hudson e Julie Igarashi
UpdateMe! Com Flavio Samelo, Jayelle Hudson e Julie Igarashi
por Gustavo Giglio:
A Nike convidou os fotógrafos Flavio Samelo e Jayelle Hudson, que são casados, para criar estampas para tops, leggings e calçados da coleção “Tight of the Moment”. Os padrões em cada peça foram idealizados a partir da mistura de um clique de Flavio e um de Jayelle.
Embora a fotografia seja o hobby preferido dos dois, os fotógrafos são opostos no que diz respeito às referências artísticas. Samelo, por exemplo, concentra seu trabalho em arquitetura e contrastes; e Jayelle tem um olhar voltado principalmente para objetos de natureza orgânica. O resultado concretiza o objetivo de justapor os universos do homem e da natureza de uma forma abstrata.
Com a arte final concluída, a equipe de designers da Nike Women’s utilizou um mapa do corpo de atletas mulheres, desenvolvido pelo Laboratório Esportivo da Nike, que destaca os músculos e as zonas de maior aquecimento do corpo, para aplicar estrategicamente a arte nas peças. Para a impressão, foi usada tecnologia de sublimação digital. Além disso, o tecido macio com Nike Dri-FIT exporta o suor para fora do tecido, ajudando a manter a pele seca.
Conversei com o casal de fotógrafos e com Julie Igarashi, Vice President of Global Design for Nike Women’s Training (abaixo em inglês).
Juntos às entrevistas, fotos originais do projeto e os produtos finais.
Update or Die: Como é ter um trabalho autoral transformado em estampa de produtos? Vocês já tinha tido essa experiência? E quanto a trabalharem juntos?
Eu (Samelo) já tinha feito outros produtos aqui no Brasil desde os anos 90 – óculos de sol, camisetas, shapes de skate – inclusive uma collab de tênis com a NIKE Skateboards do Brasil em 2006. A Jayelle nunca tinha feito um collab com uma marca e ela gostou bastante do processo e principalmente do resultado. A gente nunca tinha feito um trabalho comercial juntos, ainda mais internacional, e isso foi o mais legal de tudo.
Como é ter seu trabalho reconhecido por uma marca como a Nike?
Evidente que a exposição do trabalho é mundialmente brutal, estamos recebendo mensagens de todos os lugares do mundo, da Polônia, Ucrânia, Canadá, Australia, EUA, Brasil e etc. A responsabilidade é muito grande. Era o que mais pensávamos enquanto produzíamos as artes, de como isso seria absorvido. Acreditamos que a parte gráfica das imagens e também pelo fato de serem em preto e branco, transformou as peças em artes mais subjetivas e menos óbvias. Também o fato de o pessoal na sede da Nike ter dado liberdade total para produzirmos o que achássemos melhor fez muita diferença, pois nós também demos liberdade total para eles aplicarem as artes da maneira que eles achassem melhor. Com todas as pessoas trabalhando com liberdade para fazerem o que fazem de melhor, o resultado tinha tudo para ser verdadeiro e eficiente.
Como foi o processo de desenvolvimento? Quanto tempo durou o projeto entre os cliques e os produtos finais? Como foi a participação de vocês ao longo do processo?
Tudo começou pelo projeto pessoal da Jayelle em 2009/2010 baseado no Teste Rorschach, um teste psicológico pictórico, só que ao invés de usar laminas espelhadas pintadas para análise, ela sugere uma análise através de fotografias de copas de árvores brasileiras espelhadas. Levantando um questionamento mais ligado à nossa visão da natureza em nosso país. Como a gente sempre quis fazer um trabalho de arte juntos, ela sugeriu uma exposição que se chamou: “Homem & Natureza” na Cartel011 em São Paulo, onde foram expostas duplas de fotos usando essa técnica de espelhamento com fotos das copas de árvore que ela fazia, remetendo à Natureza, e eu usando a técnica só que usando fotos de fachadas de prédios, fazendo referência ao Homem. A ideia era criar uma relação estética e psicológica da questão homem e natureza.
Deu super certo, todas as imagens foram vendidas no dia da abertura praticamente e apenas uma dupla dessas ficou com a gente em casa. Aí, dois anos depois um diretor da Nike internacional veio até nossa casa ver uns trabalhos e gostou muito desse trabalho e disse que falaríamos mais tarde sobre. O contato realmente aconteceu e começamos a trabalhar on-line com o pessoal na sede da Nike, em Portland, no Oregon. Durante um ano e meio pessoal de running feminino da Nike, que liderava o projeto, foi extremamente generoso e profissional com a gente, a liberdade foi absolutamente total, todas as nossas sugestões e comentários foram imediatamente resolvidos e respondidos. Como fizemos o mesmo com eles em relação a parte técnica dos produtos, tudo se resolvia muito rápido, mesmo só falando com eles via e-mails e Skype.
Vocês foram brifados para os cliques ou enviaram algo que já tinham pronto para análise deles?
Não, o ponto de partida veio do interesse nessas duas obras que temos em casa, que restaram da exposição da Cartel011, mas as artes que estão nas roupas são inéditas e foram criadas exclusivamente para o projeto.
Costumam trabalhar juntos, em dupla, como casal? Como foi essa dinâmica?
Nós fazemos tudo juntos, nos projetos da Jayelle eu sou o “assistente” e nos meus trabalhos, ela vira a “assistente”. Temos os nossos trabalhos individuais que cada um cuida do seu, o que para mim é o segredo da relação profissional boa que temos. Existe uma sinceridade muito grande entre a gente, e nós entendemos que um só quer o bem do outro e isso joga todo o drama dos egos pela janela.Esse projeto foi o maior que fizemos juntos, e abriu novas maneiras de olharmos como podemos trabalhar mais juntos que antes.
Julie Igarashi – Update or Die Interview
Can you explain the process you go through to find artists for the Nike Tight of the Moment?
Our first step in finding creative partners is selecting exciting art scenes around the world that we’d like to explore. Once we do that, we work closely with our teams in those countries to identify potential artists. We’re looking for creative partners with a unique point of view who can bring something truly different to the project. Of course, it’s also important to us that the artists we work with are connected to sport. Once we land on a potential partner, we make sure it’s a good fit for both parties.
Why did you choose Samelo and Jay?
Brasil is a country with tremendous creative energy, so we were eager to tap into its dynamic art scene. Flavio and Jayelle exemplify this Brasilian aesthetic. Their work boldly interprets the country’s beautiful architecture and natural landscape. We were excited to see how they would combine their contrasting approaches, knowing our tights would serve as a unique canvas for their art.
How did you take the art and put it onto the tights?
This project marks the first time Flavio and Jayelle have combined their artwork into one creation. Once they blended their art together, they shared it with our team.
From there, we tailored it to a body map, which uses athlete-informed data to show where an individual’s muscles and heating and cooling zones are located. The goal is to strategically place the art on the tights so that it highlights these areas in the legs in a flattering fashion.
To transfer the art onto the tights, we employ a process called digital sublimation. Digital sublimation uses a heat press to send ink from a printed picture onto a piece of fabric. It allows us to be extremely precise in where we place the prints in order to create that flattering look.
The collection is being sold all over the world. How is the acceptance in other countries?
I can’t speak to any specific sales figures, but what I can say is that the female athlete is really responding to how these tights blend both performance and style. The tights feature soft Nike Dri-FIT fabric to help keep her dry and comfortable and fit close to her body so she has zero distractions while working out. In addition, the bold prints enable her to show off her strength and express her own personal style. This isn’t just a response we’re seeing in Brasil. It’s a global reaction, and one that we’re very excited about.
BIOS
FLAVIO SAMELO
Desde 1992 Flavio Samelo anda pelas ruas de São Paulo fotografando skatistas. Alguns deles eram também grafiteiros e outros pichadores que acabavam convidando Samelo, como é conhecido, para fotografar os grafites e os pichos também pelas ruas da cidade. Esse foi o começo de muita coisa para o fotógrafo que acabou entrando para a arte pelas ruas, assim como entrou na fotografia. Essa outra produção acabou levando Samelo a introduzir em suas fotografias de skate, os grafites, pichações e outros elementos urbanos que lhe chamavam a atenção nas sessions de skate e que foi seu diferencial durante o começo de suas fotografias.
Depois de se formar Comunicólogo e trabalhar como Diretor de Arte, Fotógrafo, Redator, Ilustrador para revistas de skate brasileiras e internacionais, além de colaborar com revistas de outros assuntos como Revista da MTV, Folha de São Paulo, Rolling Stone, Adbusters, entre outras durante 6 anos. Em 2006 lançou um modelo de tênis assinado, pela NIKE SB no Brasil, o qual se tornou item de colecionador em todo o mundo. Logo após, Samelo decidiu voltar aos estudos de arte e cursou uma pós graduação em História da Arte, onde descobriu, entre muitas outras referências, os artistas concretos paulistas da década de 50 e suas pesquisas e estudos sobre fotografia, forma e cores.
JAYELLE HUDSON
Nascida em Seattle (EUA), Jayelle Hudson vive em São Paulo desde 2008. Formada em fotografia pela Universidade de Santa Bárbara, na Califórnia, sua produção artística é o reflexo das influências que o Brasil e suas viagens pelo mundo, como modelo profissional, vemimprimindo em sua vida. Seus trabalhos, que sempre envolvem fotografia e/ou colagem, trazem uma percepção sutil do entorno da artista que é reconfigurado em busca de prazer visual. Sua pesquisa fotográfica é voltada principalmente para a natureza como fonte de significação visual, ainda que subjetiva. Em suas colagens usa fotografias antigas, suas ou anônimas, e materiais como tecidos e papéis carregados de personalidade, pelas marcas do tempo ou valor sentimental, buscando uma construção gráfica e nostálgica que formalmente empresta alinhamentos de outra de suas paixões: webdesign.
JULIE IGARASHI
Julie Igarashi is the Vice President of Global Design for Nike Women’s Training and leads the creative vision and holistic design ethos for this dynamic category across the product, brand and retail functions.
Known for her creative approach and keen aesthetic vision, Igarashi has spearheaded some of the brand’s most pinnacle design initiatives and has held key roles across the Football, Nike Sportswear, Women’s Training and Running categories during her 13 year Nike tenure.
Ms. Igarashi joined Nike in 2001 as a graphic designer, working on key global projects such as the pitch to sign Manchester United, the 2002 World Cup Nike Park environment design and graphic design for the 2004 Olympics. Following her creative vision, Igarashi also played a key role in art directing the 2006 World Cup Nike campaign. During her tenure as Graphic Design Director, Footwear, Igarashi worked on establishing the creative identify for iconic product innovations including Lunarlon, Hyperfuse and Flywire. In her role as Design Director, Women’s Training, Igarashi led the charge on a number of Tier One projects, including the “Make Yourself” campaign featuring photography by Annie Leibovitz. Igarashi played a key role in developing the visual language and concept behind the highly successful Nike Training Club, which now encompasses a global community of 15 million users. Most recently, Igarashi served as Sr. Creative Director for Running Brand Design, where she re-launched the brand ID for the category and led key initiatives like the Nike Flatiron retail and concept development. A seasoned design veteran, Igarashi has held a number of design and graphic roles within the advertising and media industry prior to Nike.
Updater: UpdateMe!
Reply