Vale tudo para ser magra?

A dica que a celebridade fitness Gabriela Pugliesi (só no Instagram são quase 2 milhões de seguidores) deu para as mulheres não saírem da dieta repercutiu negativamente na mídia.

Não poderia ser diferente, pois em primeiro lugar, que amiga mandaria uma foto nua para outra amiga na condição de que se a primeira saísse do regime, a segunda divulgaria essa foto nas redes sociais? Segundo, que amiga de verdade, ao ver o desvio alimentar daquela que se esforça, entraria no Facebook ou no grupo do Whatsapp e publicaria a(s) imagem(ns) sem dó nem piedade? Terceiro, se houvesse a desconfiança da divulgação, ou troca de amiga ou come escondida.

O que mais me chamou a atenção nesse método bizarro para incentivar mulheres a perderem peso é a transferência do dano físico (uso de remédios, ervas e anabolizantes) para o dano moral (exposição da nudez). Não cabe medir qual é mais danoso, cabe medir esse “vale-tudo” pelo corpo perfeito.

Todos sabem que muitas mulheres (e homens) desejam ter um corpo legal, pela estética e pela saúde, e até mesmo fariam certos sacrifícios para obtê-lo, mas o problema da mensagem da Pugliesi é que se você não tiver forças para não comer uma pizza quando estiver cansada de um dia intenso de trabalho, se você não conseguir negar uma cerveja no happy hour da empresa ou se seu namorado te levar para comer uma batata frita, você precisa de um “gás extra” para falar não.

O que a magrela não sabe é que existe uma vida fora da alface e da abobrinha, que existe sociabilidade, que existem outras formas de administrar a dieta e as metas da vida. Muitas pessoas são mais felizes com seu colesterol e o seu bacon; e para que generalizar padrões e formas fundamentalistas de chegar a esse padrão?

O dilema moral que talvez valha pensarmos para a nossa vida alimentar é: vale mais viver 65 anos com o pastel da feira ou 80 anos sem ele? Contando que nenhum dos lados tem garantia do resultado da escolha.

Updater: Tiago Souza

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